domingo, 29 de abril de 2012

França endurece discurso sobre ataques na Síria

Síria

A França demonstrou nesta quinta-feira o desejo de fazer uma dura investida contra o regime sírio, afirmou o jornal inglês Guardian. Após desafiar um primeiro cessar fogo proposto pela ONU, em 12 de abril, as forças de Bashar Assad continuaram promover ataques contra os rebeldes, como o massacre que matou 70 pessoas na cidade de Hama, na terça-feira. 
A medida seria tomada para exigir que o regime sírio cesse sua campanha contra os rebeldes, e pode significar o uso da força, apesar de ser mais provável que trate de medidas punitivas não-militares. Paris tomou frente para combater a crise na Síria, insistindo que vai aguardar um cessar-fogo até no máximo o dia 5 de maio antes de adotar uma resolução baseada no capítulo 7 da Carta das Nações Unidas, que versa sobre as medidas a serem tomadas pelo Conselho de Segurança em caso de ameaça à paz em um conflito.
Diplomatas do Ocidente, no entanto, afirmam que não há chance de o Conselho de Segurança agir contra o regime de Assad enquanto Rússia e China apoiarem o presidente sírio. 

Demóstenes quadruplicou patrimônio

O senador Demóstenes Torres

Quatro meses depois das eleições de 2010, o patrimônio do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) praticamente quadruplicou. O parlamentar comprou do seu suplente, o empresário Wilder Morais, um apartamento em um dos prédios mais luxuosos de Goiânia (GO), no valor de 1,2 milhão de reais. A transação imobiliária ocorreu três meses após a Construtora Orca, de propriedade de Wilder, comprar o imóvel de outra empresa goiana.
Em 2010, quando se reelegeu senador, Demóstenes declarou à Justiça Eleitoral um patrimônio de 374 000 reais. Na relação de bens apresentada ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não havia nenhum imóvel. O parlamentar listou um carro de 102 400 reais e 63 300 reais em contas bancárias. Informou ainda ter duas aplicações financeiras que não chegavam a 10 000 reais.
Os valores apresentam uma pequena redução quando comparados aos que o parlamentar declarou ter em 2006, quando concorreu ao governo de Goiás. Naquela época, Demóstenes informou que morava em uma casa no Jardim América, bairro classe média de Goiânia, com a ex-mulher, Leda Torres. O valor estimado do imóvel era de 70 000 reais e, a área de lazer vizinha ao sobrado, 65 000 reais. A certidão do Cartório de Registro de Imóveis de Goiânia mostra que o senador pagou 400 000 reais à vista pelo apartamento de luxo. O restante teria sido financiado pelo Banco do Brasil. No entanto, o contrato de compra e venda não foi registrado.
Ocupando todo o 15º andar do Edifício Parque Imperial, o apartamento tem 701 metros quadrados, com living, sacadas, biblioteca, sala de jantar, lavabo, sala de estar, saleta, quatro áreas de serviços, dois quartos de empregada, suítes com closet, rouparia, louceiro, copa, cozinha e depósito. O imóvel fica no Setor Oeste, um dos mais nobres de Goiânia.
Corretores imobiliários afirmaram que o apartamento estaria estimado em 2 milhões de reais. O Parque Imperial seria o antecessor do Edifício Excalibur no mercado de prédios de luxo na capital goiana. 

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Pyongyang ameaça Seul por 'difamar' centenário de líder

Lee Myung-bak, presidente sul-coreano, disse que lançamento de foguete custou 850 milhões de dólares

A Coreia do Norte exigiu nesta quinta-feira que a Coreia do Sul se desculpe por 'difamar' as recentes celebrações do centenário do nascimento de Kim Il-sung, fundador do país comunista, e ameaçou promover uma 'guerra santa' se isso não acontecer. Em um texto publicado pela agência estatal KCNA, a Coreia do Norte disse que Seul 'insultou a sua dignidade' durante as celebrações do centenário do 'presidente eterno', a data mais importante da história recente do país.
Pyongyang, com a retórica bélica que utiliza habitualmente para referir-se a Seul, acusou o governo de Lee Myung-bak de publicar 'números inventados' sobre os custos da celebração do centenário 'a fim de deteriorar a imagem da Coreia do Norte e prejudicar sua unidade interna'.
Declarações - O presidente Lee assegurou na semana passada que o fracassado lançamento de um foguete pelo regime norte-coreano custou 850 milhões de dólares, quantia com a qual seria possível comprar 2,5 milhões de toneladas de milho para alimentar a população do empobrecido país comunista durante seis anos. Após o lançamento do foguete, os Estados Unidos cancelaram o envio de ajuda alimentícia ao país.
Além disso, estimou que as despesas em propaganda da Coreia do Norte por ocasião do centenário de seu fundador e na remodelação do principal hotel de sua capital chegaram a 350 milhões de dólares, montante com o qual poderia alimentar durante 100 dias os 24 milhões de habitantes do país.
Como resposta, Pyongyang acusou Seul de empregar os impostos dos sul-coreanos para financiar a presença das tropas 'imperialistas' dos Estados Unidos no país e de ter construído uma 'sociedade individualista e corrupta'.

Rússia critica Coreia do Norte e ameaça abater foguete

Foguete norte-coreano já está pronto para o lançamento
Preocupada com uma possível ameaça aos seus territórios nas Ilhas Curilas – arquipélago localizado no norte do Japão, mas administrado por Moscou –, a Rússia colocou de lado suas tradicionais boas relações com Pyongyang e avisou que vai abater o foguete da Coreia do Norte caso ele desvie de sua trajetória.

Com a promessa, o país se junta ao Japão e à Coreia do Sul no grupo dos que já externaram a intenção de derrubar o controverso satélite norte-coreano. Em resposta às ameaças, o governo de Pyongyang advertiu que qualquer interceptação será considerada uma "declaração de guerra".

Pressões - A Coreia do Norte vem sofrendo enormes pressões da comunidade internacional para desistir da pretensão de colocar um satélite em órbita - em um lançamento previsto para acontecer entre 12 e 16 de abril. Japão, Coreia do Sul e Estados Unidos consideram o projeto uma manobra para acobertar testes com mísseis de longo alcance. Apesar da tensão crescente, Pyongyang segue defendendo a "natureza pacífica" da iniciativa e já instalou o foguete na plataforma de lançamento.

Além de anunciar a intenção de derrubar o artefato, a Rússia foi ainda mais longe e criticou abertamente a Coreia do Norte, acusando-a de quebrar acordos internacionais. "Consideramos a decisão de conduzir o lançamento de um satélite um exemplo de descumprimento de decisões do Conselho de Segurança da ONU", declarou Alexander Lukashevich, ministro das relações exteriores.

CPI do Cachoeira está instalada

O empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira

A CPI do Cachoeira foi oficialmente instalada na manhã desta quinta-feira. O primeiro-secretário do Congresso, deputado Eduardo Gomes (PSDB-TO), leu o requerimento que pede a instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito. A presidente em exercício do Congresso, deputada Rose de Freitas (PMDB-ES), definiu que os partidos devem indicar seus integrantes para o colegiado até terça-feira da semana que vem, às 19h30.
Depois da contagem oficial, foram conferidas 72 assinaturas de senadores e 337 de deputados. Em tese, os parlamentares podem retirar seus nomes até a meia-noite de hoje. Mas não há chance de a comissão ser enterrada. O perigo é outro: o direcionamento da investigaçãograças à maioria avassaladora da base governista.
Também nesta quinta-feira, o PMDB indicou dois deputados para compor a comissão: Luiz Pitman (DF) e Íris de Araújo (GO). Ambos têm interesses regionais na CPI. Pittman é rival do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz. Íris faz oposição ao tucano Marconi Perillo em Goiás. A escolha peemedebista revela também que o partido não vê a CPI como prioridade. Os dois parlamentares indicados até agora fazem parte do baixo clero da bancada.
Pittman e Íris se juntam a outros nomes anunciados: os senadores Alvaro Dias (PSDB-PR), Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), Jayme Campos (DEM-MT) e Randolfe Rodrigues (PSOL). Na Câmara, a tarefa já foi designada aos deputados Domingos Sávio (PSDB-MG), Carlos Sampaio (PSDB-SP), Fernando Francischini (PSDB-PR), Rogério Marinho (PSDB-RN), Onyx Lorenzoni (DEM-RS), Mendonça Prado (DEM-SE), Rubens Bueno (PPS-PR), Maurício Quintela Lessa (PR-AL) e Ronaldo Fonseca (PR-DF).
PT e PMDB dividirão a presidência e a relatoria da comissão. Os partidos aliados terão 80% dos cargos da CPI, que será composta por 30 titulares e 30 suplentes, metade da Câmara, metade do Senado. A comissão investigará a atuação da quadrilha do contraventor Carlinhos Cachoeira, chefe da máfia que controlava os caça-níqueis em Goiás

'Síria descumpriu acordo de paz', diz Ban Ki-moon

"O término da violência armada em todas as suas formas está, portanto, claramente incompleto", disse

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse ao Conselho de Segurança da organização que a Síria não cumpriu o plano de paz do enviado internacional Kofi Annan, que previa a retirada de tropas e tanques das ruas, informou nesta quinta-feira a rede britânica BBC. Também nesta quinta-feira, a ONU e a Síria assinaram um acordo em Damasco para enviar capacetes azuis para supervisionar o cessar-fogo no país.
Otimismo - Apesar da crise no país e da falta de compromisso de Damasco, Ban disse que há ‘chance de progresso’ na Síria. Para ele, é preciso que novos observadores – somando 300 no total - sejam enviados a dez áreas diferentes ao longo das próximas semanas. A equipe de seis observadores que chegou no domingo à Síria foi impedida de entrar em Homs, a cidade que concentra os maiores índices de morte.Em carta enviada ao Conselho, Ban afirma que, apesar de uma significativa diminuição da violência a partir do dia 12 de abril, data de início do cessar-fogo, houve uma escalada de ataques nos últimos dias. "O término da violência armada em todas as suas formas está, portanto, claramente incompleto", disse.
O novo acordo entre Damasco e Nações Unidas prevê o envio de 300 observadores para 'vigiar e consolidar o fim da violência de todas as partes e formas' e aplicar o plano de seis pontos de Annan. "Esse acordo detalha as funções dos observadores no cumprimento de seu mandato na Síria e a tarefas e responsabilidades do governo sírio a respeito", disse Ahmad Fawzi, porta-voz do enviado especial do secretário-geral da ONU e da Liga Árabe para a Síria, Kofi Annan.
Contudo, Ban advertiu que é essencial que o ditador Bashar Assad cumpra a promessa de "cessar os movimentos de tropas para os centros urbanos, suspender o uso de armas pesadas contra locais povoados e iniciar a retirada das tropas em torno das cidades". Seis dias após a instauração da trégua, diplomatas da ONU consideram que ainda não há condições para que os observadores façam o seu trabalho adequadamente.

Chancelaria - Já o governo sírio quer que o Brasil e outros países que considera ‘neutros’ façam parte da missão de observadores. Em visita a China, um dos principais aliados do regime de Bashar Assad, o ministro sírio de Relações Exteriores, Walid Moallem, disse que os observadores devem ser de países ‘neutros’, e citou os integrantes do grupo Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).
Nesta quinta, o Conselho de Segurança deve se reunir para discutir o relatório de Annan, mas só deve lançar uma nova resolução sobre o país na próxima semana. Enquanto isso, grupos de oposição também devem se reunir em Paris nesta quinta.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Grau de abertura de governos dividirá nações no século XXI

Hillary participou nesta terça-feira em Brasília de Parceria do Governo Aberto

"Os Estados Unidos estão certos de que, no século XXI, as divisões entre as nações não serão baseadas em norte e sul, leste e oeste, diferenças religiosas ou qualquer outra categoria, mas dependerá da abertura de seus governos", disse a chefe da diplomacia americana, Hillary Clinton. A secretária de Estado participou nesta terça-feira em Brasília da Open Government Partnership (OGP), ou Parceria do Governo Aberto. Lançada em setembro passado nos Estados Unidos, ela é um esforço conjunto na luta contra a corrupção e na promoção de transparência na gestão pública. O Brasil e os Estados Unidos lideram a iniciativa.
Hillary ressaltou em seu discurso que países com governos abertos têm economias abertas e sociedades abertas - ou seja, mais prósperas, seguras, saudáveis e pacíficas. Já os governos que "se escondem" da visibilidade pública e que ignoram as aspirações de seu povo de liberdade vão encontrar cada vez mais dificuldade de manter a paz e a segurança. Para ela, a corrupção "mata o potencial de um país, drena recursos e protege pessoas desonestas". 
Parceria - A secretária de Estado americana também trocou afagos com Dilma Rousseff. Hillary afirmou que a presidente brasileira está estabelecendo um "padrão mundial" na questão de transparência e luta contra a corrupção. "Não há um parceiro melhor para iniciar esse esforço do que o Brasil e, particularmente, a presidente Rousseff. O compromisso dela com abertura, transparência, sua luta contra a corrupção está estabelecendo um padrão mundial", disse Hillary.
Para o ministro-chefe da Controladoria-Geral da União, Jorge Hage, "todos se deram conta de que, quanto maior a abertura de informações ao escrutínio público, maior será a eficiência dos serviços públicos". "Não há melhor desinfetante que a luz do sol", disse Hage, que também discursou no evento.

sábado, 14 de abril de 2012

síria ignora o prazo da ONU e mantém ataques à oposição


Fogo na cidade síria de Homs
O Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou por unanimidade neste sábado uma resolução para o envio de um primeiro grupo de observadores para supervisionar o cessar-fogo na Síria, onde as forças governamentais mataram seis civis e bombardearam Homs poucas horas antes.
O Conselho de Segurança "decide autorizar o envio de uma equipe de preparação de 30 observadores militares desarmados para entrar em comunicação com as partes e para começar a monitorar a implementação de um completo fim da violência armada", afirma o texto.
A resolução 2042 aprova o envio de primeiros 30 observadores militares desarmados em alguns dias. Uma nova resolução será necessária para autorizar uma missão completa de mais de 200 observadores.
Segundo um porta-voz das Nações Unidas, cinco ou seis destes primeiros observadores chegarão ainda neste domingo à Síria.
"Imediatamente depois que o Conselho de Segurança aprovou a resolução, cinco ou seis observadores militares pegaram um avião. Provavelmente chegarão à Síria amanhã (domingo)", explicou Kieran Dwyer, porta-voz do departamento de operações para a paz da ONU, que acrescentou que outras 25 pessoas viajarão "nos próximos dias".
Uma parte dos observadores é proveniente da sede da ONU em Nova York, disse Dwyer.
"A maioria vamos mover de missões próximas à região, por isso teremos pessoas experientes", explicou.
Apesar da reticência da Rússia, o documento pede "a todas as partes que garantam a segurança dos observadores sem limitar sua liberdade de movimento e acesso, destacando que a principal responsabilidade recai nas autoridades sírias".
Além disso, a resolução convoca o governo sírio a permitir o acesso das organizações humanitárias ao país e a "implementar visivelmente" todos os compromissos adquiridos no âmbito do plano de paz do enviado especial Kofi Annan, incluindo a retirada de tropas e de armamento pesado das principais cidades sírias.
O Conselho Nacional Sírio (CNS), principal coalizão opositora ao regime de Bashar al-Assad, comemorou a aprovação da resolução.
Em um comunicado assinado por seu presidente, Burhan Ghaliun, e do qual a AFP recebeu uma cópia, o CNS diz estar "pronto para atuar para que o plano (do enviado Kofi) Annan tenha sucesso".
Esperava-se que o texto fosse votado na sexta-feira, mas as objeções da Rússia atrasaram seu andamento. Segundo o embaixador de Moscou na ONU, Vitaly Churkin, "ocorreram mudanças substanciais para equilibrar (o texto)".
Rússia e China vetaram os últimos dois projetos do Conselho de Segurança em relação à crise síria, que já deixou 9 mil mortos.
Apesar da entrada em vigor do cessar-fogo previsto pelo plano Annan, as forças sírias mataram no sábado seis civis e bombardearam a cidade de Homs.
Três dias após a entrada em vigor da trégua, o regime sírio e os opositores continuam se acusando mutuamente de violar a trégua. No entanto, a intensidade dos ataques não é comparável com o ocorrido nos últimos meses, quando eram contabilizadas dezenas de vítimas diariamente.
O incidente mais grave desde a trégua ocorreu quando as forças de segurança mataram neste sábado quatro civis que participavam de um funeral em Aleppo (norte), segunda maior cidade do país.
Além disso, as forças sírias bombardearam durante uma hora na manhã deste sábado dois bairros de Homs (centro), causando a morte de uma pessoa, segundo uma ONG síria. Além disso, as tropas mataram outro civil em Dmeir, na província de Damasco.
Durante os meses anteriores à trégua, Homs, a terceira maior cidade do país, sofreu intensos bombardeios, principalmente no bairro Bab Amr, um bastião dos rebeldes recuperado pelo Exército no dia 1º de março depois de um mês de ataques.
Dezenas de milhares de sírios protestaram na sexta-feira em todo o país para pôr à prova o compromisso do regime de respeitar o plano de Kofi Annan. Estas marchas foram "maiores que as registradas em semanas anteriores" em quase todas as províncias, apesar de uma mobilização militar massiva, segundo a oposição síria.
"Não renunciaremos até que o regime caia", gritaram os manifestantes em Onkhel, na região de Deraa.
Os militantes pró-democracia convocaram neste sábado em sua página no Facebook "Syrian Revolution 2011" uma "semana da revolução dos sírios". O presidente sírio Bashar al-Assad é o único chefe de Estado questionado pelas ruas que, depois da chamada Primavera Árabe, permanece no poder.
Apesar da maior tranquilidade que reina desde a entrada em vigor, na quinta-feira, do cessar-fogo, o exército ainda não retirou seus tanques das cidades, tal como prevê o plano Annan.
Este plano de seis pontos prevê, além do fim da violência, o "direito de se manifestar pacificamente" e um diálogo entre a oposição e o poder.

EUA cancelam ajuda alimentícia à Coreia do Norte

Norte-coreanas aguardam na fila de distribuição de milho na província de Hwanghae

Nesta sexta, os Estados Unidos anunciaram o cancelamento do acordo de ajuda alimentícia à Coreia do Norte em vigor desde o fim de fevereiro. "O lançamento de um satélite por meio de um foguete de longo alcance por parte de Pyongyang é suficiente para quebrar o acordo", disse o porta-voz adjunto do Departamento de Estado, Mark Toner, em entrevista coletiva.
Pelo acerto, o governo americano se comprometeu a enviar 240.000 toneladas de alimentos para a Coreia do Norte em troca do compromisso de Pyongyang de suspender suas atividades de enriquecimento de urânio, assim como os testes nucleares e os lançamentos de mísseis de longo alcance.
Até o momento, nenhum alimento foi entregue à Coreia do Norte, segundo confirmou Toner, que acrescentou que a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) deverá decidir se a cláusula do acordo que fala sobre o envio de observadores para o país asiático continuará válida.
Custo - A rede americana CNN fez uma conta interessante para mostrar a falta de sentido do lançamento de um  foguete em um país com sérios problemas estruturais: os 850 milhões de dólares utilizados para tentar lançar um satélite seriam suficiente para alimentar 80% da população do país por um ano.
A emissora usou dados de militares sul-coreanos para avaliar o foguete. Estima-se que foram gastos 450 milhões de dólares para a estrutura do foguete e outros 400 milhões no lançamento - considerado um fracasso pela comunidade internacional e pelo próprio país asiático.
O valor, utilizando dados do Banco Mundial, seria ncessário para 19 milhões de norte-coreanos por um ano - a população do país em 2010 era de 24,3 milhões de habitantes.
Safra - Documentos avaliados pelo jornal inglês Telegraph também orçaram o foguete em 850 milhões de dólares, o suficiente para comprar 2,5 milhões de toneladas de milho e 1,4 milhões de toneladas de arroz. As Nações Unidas estimam que a safra total da Coreia do Norte em 2011 foi de 5,4 milhões de toneladas.
"A Coreia do Norte vem sofrendo um déficit de 400 mil toneladas de alimento por ano. Então, o dinheiro poderia resolver o problema de deficiência por seis anos", disse um militar sul-coreano à agência Yonhap.
CNN procurou um dos fundadores da ONG sul-coreana Peace Network, que trabalha pela paz e pelo desarmamento de países asiáticos, Cheong Wook-sik. Ele acredita que o valor de 850 milhões de dólares possa estar superestimado, baseado nos custos mais baixos da mão-de-obra e da tecnologia norte-coreanos.
Miséria - Independentemente do valor do foguete fracassado, a comunidade internacional está em acordo quanto ao grave problema da fome na Coreia do Norte. O Programa Mundial Alimentar estima que "uma em cada três crianças norte-coreanas continua cronicamente desnutrida ou 'raquítica', ou muito pequena para sua idade". O país teve, recentemente, que reduzir a estatura mínima de seus soldados para 1,45 metros, de acordo com o jornal Los Angeles Times.
Ainda mais, o país enfrenta mais sanções econômicas em função do lançamento do foguete. Os EUA interrompeu o envio de 240 mil toneladas de alimentos após a Coreia do Norte anunciar os planos de lançamento

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Annan diz que governo sírio deu garantias de cessar-fogo

Annan falou sobre Síria em uma coletiva de imprensa com o chanceler iraniano, Ali Akbar Salehi

O enviado especial da ONU e da Liga Árabe à Síria, Kofi Annan, disse nesta quarta-feira que o governo sírio prometeu a ele que irá baixar as armas na quinta-feira, o prazo final para o cessar-fogo entre as forças do ditador Bashar Assad e a oposição armada. Na terça-feira, oregime sírio ignorou o acordo firmado com Annan para a retirada do seu Exército das ruas, e a violência continua castigando o país.
“Se todos respeitarem o cessar-fogo, acredito que às seis horas da manhã de quinta nós veremos condições melhores no território”, completou. Segundo ele, contudo, o regime de Assad ainda estava pedindo garantias de que a oposição também interromperia os ataques.Durante visita ao Irã, Annan disse ter recebido garantias do governo de Assad e esclarecimentos de como as hostilidades serão suspensas com o objetivo de respeitar o plano de seis pontos, para encerrar a crise no país. “Nós estamos em contato e eu tenho respostas positivas do governo sírio, além da influência de outros países que ajudarão a garantir que todas as partes respeitem o cessar-fogo”, disse o enviado aos repórteres em Teerã.
Diplomacia - As declarações de Annan vieram após uma conversa entre ele e o ministro iraniano de Relações Exteriores, Ali Akbar Salehi, na qual ele pediu o apoio de Teerã para a sua pressão sobre Damasco. O chanceler iraniano disse que a região não pode suportar um novo choque e alertou que qualquer erro na Síria teria ‘consequências inimagináveis’.
Além de Irã, a China, também um país aliado a Damasco, declarou-se nesta quarta-feira 'profundamente inquieta' pelo prosseguimento da violência na Síria e convocou Assad a aplicar o plano de paz de Annan. "A oposição na Síria também deve fazer um cessar-fogo imediatamente", afirmou o porta-voz da diplomacia chinesa, Liu Weimin, durante um encontro com a imprensa.

sábado, 7 de abril de 2012

Cachoeira negociou licitação milionária no DF


Carlinhos Cachoeira, em foto de 2004

Grampos da Polícia Federal indicam que um integrante do governo Agnelo Queiroz (PT) participou de uma operação para direcionar um contrato milionário, que vai girar até 60 milhões de reais por mês ao grupo do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, apontado como o chefe da máfia dos caça-níqueis em Goiás e no Distrito Federal. Diálogos interceptados na Operação Monte Carlo evidenciam que Milton Martins de Lima Junior, diretor financeiro e administrativo do DFTrans, órgão que gerencia o transporte público do governo do Distrito Federal, negociou com os contraventores para que a organização obtivesse a concessão para a bilhetagem eletrônica dos ônibus. A PF suspeita de eventual pagamento de propina. O diretor nega.
As conversas, gravadas em junho de 2011, mostram Carlinhos Cachoeira orientando um de seus principais aliados, Gleyb Ferreira da Cruz, a negociar o contrato com o governo do DF. O objetivo do contraventor era firmar uma sociedade com a Delta Construções, empresa suspeita de participação no esquema, para explorar o serviço. Dias antes, o governo do DF havia assumido a bilhetagem eletrônica, antes a cargo dos empresários do setor, e buscava um novo parceiro privado para operá-la.
Ao ouvir do parceiro que o negócio podia render, conforme estimativa, o equivalente a 60 milhões de reais por mês, Cachoeira se anima e avisa que acionará outro emissário para negociar com o diretor do DFTrans: "Pois é, porra! Tem que fazer contratar direto a Delta... tem que por o Cláudio amanhã com o Milton, entendeu?"
Em duas situações, o chefe do esquema pergunta a Gleyb quem é Milton, ouvindo que se trata do diretor que foi nomeado para organizar o DFTrans e detalhes de sua vida pregressa, como a atuação na Agência de Desenvolvimento do Distrito Federal (Terracap). "Pois é, agora nós temos que pegar o negócio, então, nós temos que fazer o edital, uai", anima-se Cachoeira na conversa gravada. Ao ouvir que o governo do DF tinha urgência no serviço, ele sugere que o contrato seja feito sem licitação, em caráter emergencial.
Em conversa gravada em 14 de junho, Gleyb diz ao chefe, por volta das 19h30, que está aguardando Milton para um jantar. "Tem que chamar o cara, porque esse cara tem que tá junto... Fala assim, ó, não, a Delta tem interesse...", comenta Cachoeira. "A gente puxa o negócio lá e a Delta é que faz o serviço", responde Gleyb.
Por volta das 22h45, depois do horário do encontro, o contraventor ouve de seu emissário o que seria o resultado da negociação: "O Milton, ele topa, num tem problema, não, agora tem que ver... a porcentagem que eu falei com ele... que eu falei pra gente fazer gestão cinquenta cinquenta e a gente usaria a nossa empresa usando a tecnologia da EB no negócio".
Esquema - No dia seguinte, por volta do meio-dia, Carlinhos Cachoeira pede a Cláudio (que não é identificado) que converse com o diretor da DFTrans e diz que Cláudio Abreu, ex-diretor da Delta, avaliará se entra no negócio, que poderá ser firmado sem licitação. "Nós temos que pegar pra tocar e contratar, porque eles estão apaixonados no sistema dos coreanos", explica. "A gente contrata o sistema e faz o negócio do DFTrans. Rapaz, é um negócio de sessenta pau por mês, e dá pra aumentar trinta por cento, quer dizer, se a gente pegar um porcentual do aumento na licitação".
O DFTrans ainda não definiu qual será a nova parceira para a bilhetagem. Segundo a empresa, a contratação ainda deve ser feita, possivelmente no mês que vem e em caráter emergencial, após a licitação recém-lançada para a escolha das novas concessionárias do transporte público.
Quedas em série - Nesta terça-feira, o senador Demóstenes Torres pediu a desfiliação do DEM por estar envolvido em relações suspeitas com Carlinhos Cachoeira. Foi o primeiro passo concreto daquilo que deve ser a morte política do parlamentar. No mesmo dia, a chefe de gabinete do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), Eliane Golçalves Pinheiro, solicitou a exoneração do cargo depois da divulgação de gravações em que aparece recebendo informações sigilosas de Cachoeira sobre operações policiais e repassando aos envolvidos. Assim como o parlamentar, Eliane usava um rádio Nextel com linha habilitada nos Estados Unidos para se comunicar com o chefe da máfia dos caça-níqueis em Goiás.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

'Não queremos nosso povo morto', afirma Defesa de Israel

Forças israelenses a postos durante protesto na Cisjordânia

O capitão Arye Shalicar, 35 anos, é porta-voz das Forças de Defesa Israelenses (IDF, sigla em inglês) - uma das instituições mais proeminentes do país. Com um efetivo formado por dezenas de milhares de homens e mulheres - o serviço militar é obrigatório para todos acima de 18 anos -, o órgão é responsável por garantir a segurança dos civis nas fronteiras com a Faixa de Gaza e em grande parte da Cisjordânia. Na entrevista a seguir, parte de série de reportagens sobre a vida de israelenses e palestinos no período iniciado com a Segunda Intifada, ele fala sobre o aparato de segurança israelense.

Como era a segurança em Israel antes da Segunda Intifada? Naquela época, meus familiares podiam se movimentar livremente na região da Samaria (norte da Cisjordânia). Meus primos se lembram do dia em que ainda podiam simplesmente sair de casa e jantar ou fazer compras em cidades palestinas sem ameaça alguma. As cidades de Israel também estavam completamente abertas. Não havia barreiras, cercas ou muros. Nada! Até que, em 2001, teve início a Segunda Intifada. Pouco a pouco, os ataques terroristas se espalharam por Jerusalém, Tel Aviv, Netanya e outras cidades de Israel. Tinha-se de pensar duas vezes antes de entrar em um ônibus. Talvez outro passageiro do seu lado estivesse pronto para cometer suicídio e explodir o veículo. Também era perigoso sair à noite. De repente, o país inteiro estava assustado. Eu vivia na Alemanha e me mudei para Jerusalém exatamente em 2002, quando comecei a estudar na Universidade Hebraica. Em meu primeiro dia lá, um 31 de julho, houve um ataque terrorista ao câmpus de Har Hatzofim. A explosão ocorreu a 500 metros de onde eu estava! Foi um trauma, pois poderia ter acontecido algo grave comigo.
O que mudou a partir de então? Os anos de 2001, 2002 e 2003 foram cruciais. Muitos atentados terroristas ocorreram em Israel. E o governo decidiu, então,  agir contra o terrorismo. Uma delas foi construir a barreira de segurança. O objetivo era impedir a infiltração de terroristas nas principais cidades israelenses. Até hoje ela não está completamente construída. Mas nas cidades mais visadas, principalmente na região da Samaria, a cerca está pronta. Há, inclusive, áreas cercadas por muros de concreto, como por exemplo a província de Calquilia, onde as autoridades viram que atiradores de elite poderiam mirar israelenses do outro lado da cerca a partir dos prédios da cidade árabe. Por esse motivo, em algumas áreas - 7% da barreira - o muro foi considerado mais apropriado do que a cerca. Como há muitos palestinos que trabalham em Israel e moram em grandes cidades palestinas - a exemplo de Nablus, Ramallah e Janin -, eles precisam passar por checkpoints para ir e voltar as suas casas.
Essas iniciativas foram eficazes? A fiscalização tem se mostrado essencial, pois no passado tivemos uma série de incidentes - mesmo depois da construção da barreira e da implementação das medidas de segurança - envolvendo terroristas que se dirigiam a pontos de passagem e tentavam cometer suicídio ou matar soldados e policiais. Algo parecido ocorreu há um mês, quando um palestino foi preso com dez dispositivos explosivos e uma pistola, perto da cidade de Janin. É preciso estar atento para deter essas pessoas antes que matem mais israelenses. A principal medida de combate ao terrorismo, sem dúvida, foi a construção da barreira. Agora, estamos construindo mais uma entre Sinai e Israel. Atualmente, são 40 quilômetros de fronteira aberta com o Egito. E, em agosto de 2011, um terrorista se infiltrou em Israel por ali e atirou em israelenses nas ruas até ser morto. Outra medida é que, pouco a pouco, a coordenação entre o Exército de Israel e as forças de segurança palestinas se torna maior. A Autoridade Palestina está se dando conta da necessidade do combate ao terror. Quanto mais coordenadas estão suas atividades com as nossas, mais o terror diminui. Claro que não chega a ser uma cooperação: os dois lados têm interesses comuns apenas contra os atos terroristas. Não queremos que nosso povo seja morto. E os palestinos, de seu lado, querem mostrar ao mundo que estão prontos para ter um estado. O Hamas, a Jihad Islâmica e outros grupos terroristas são uma ameaça não só para Israel, mas também para a Autoridade Palestina.
Quais foram os atentados mais marcantes contra os israelenses? No início da Segunda Intifada, terroristas palestinos entraram em Tel Aviv e se explodiram numa sexta-feira à noite, em frente a uma discoteca da cidade. Houve dezenas de mortos, e as vítimas eram adolescentes de 16 e 17 anos, muitos deles imigrantes russos. Em Netanya, em 2003, outros terroristas invadiram um hotel onde uma família de judeus participava de um jantar comemorativo e conseguiram matar mais de dez pessoas. Em 2001, foram centenas de israelenses mortos por terroristas - o que deixou a população traumatizada. O sentimento de vulnerabilidade estava por toda parte. Depois de 2002, com a construção da barreira, os atentados diminuíram gradualmente. Mas, mesmo em 2011, houve pelo menos um caso em que um terrorista deixou um pacote com dispositivos explosivos em uma estação de ônibus central em Jerusalém. Uma senhora britânica morreu no incidente. De novo, a 700 metros do meu escritório. Mesmo que várias medidas de segurança tenham sido tomadas e que se possa andar com mais tranquilidade pelas ruas, a ameaça ainda é latente.
A IDF tem uma lista de "procurados"? Sim, temos listas. É preciso estar atento e prontos para atuar na luta diária contra o terrorismo. Não é apenas Hamas e Jihad Islâmica, também o Hezbollah no Líbano, na Europa e mesmo na América Latina. Agora mesmo há um alerta, depois de ameaças a diplomatas na Tailândia, Geórgia e Índia. Temos de estar atentos em todo lugar.
As forças de Israel são acusadas de prender, torturar e matar palestinos inocentes. Qual sua resposta a essas alegações? Há uma ameaça real colocada pelos terroristas na região da Cisjordânia, e até a Autoridade Palestina está de acordo quanto a isso. Tanto que, muitas vezes, os suspeitos são presos primeiramente por eles. Um membro da Jihad Islâmica, chamado Khader Adnan, está detido em uma prisão israelense, mas antes ele havia sido preso pelos palestinos. A história de detenção dele já dura dez anos. Adnan sabe que está sendo observado por ambos os lados, mas continua tentando praticar atividades terroristas. A população palestina nunca vai admitir abertamente que está feliz com o Exército israelense protegendo suas famílias. Isso seria uma traição com seu próprio povo. Mas posso garantir que há muitos palestinos na região da Samaria e Judeia que coordenam e concordam com a presença da IDF quando são ameaçados. Também estamos lá para ajudá-los, e eles contam conosco.
Como é a atuação da IDF nas regiões de assentamentos judaicos? A presença da IDF na Samaria e na Judeia tem como foco proteger a população local dos terroristas. Mas é verdade que também atuamos para manter o status quo na região e uma relação pacífica entre árabes e judeus nas chamadas "áreas B e C", nas quais nossa missão está mais próxima do policiamento "tradicional". Vimos que era imprescindível atuar nessas regiões. Recentemente, jovens palestinos jogaram pedras no carro de um colono judeu que passava. O veículo foi atingido e acabou perdendo o controle, provocando um acidente. Um bebê que estava no carro acabou morto. Outro incidente vivo na mente dos israelenses aconteceu um ano atrás, no assentamento de Itamar. Dois jovens palestinos se infiltraram no local e mataram cinco membros de uma família, entre eles três crianças. São casos que, embora pontuais, requerem atenção, pois podem indicar que algo pior está a caminho.