quinta-feira, 12 de julho de 2012

Rússia diz não a sanções contra Síria em negociações na ONU


NAÇÕES UNIDAS, 12 Jul - As negociações sobre uma resolução para estender uma missão de monitoramento da Organização das Nações Unidas na Síria começaram nesta quinta-feira com um Conselho de Segurança profundamente dividido e a Rússia dizendo que não concorda com a ameaça de sanções para tentar colocar fim ao conflito de 16 meses.

O conselho de 15 membros precisa decidir sobre o futuro da missão da ONU, conhecida como UNSMIS, antes do dia 20 de julho, quando expira o seu mandato de 90 dias. A UNSMIS foi enviada para monitorar um cessar-fogo fracassado, dentro de um plano de paz com seis pontos do enviado internacional Kofi Annan.

A Rússia propôs estender a missão por 90 dias, mas a Grã-Bretanha, os Estados Unidos, a França e a Alemanha apresentaram uma proposta de resolução para ampliar a missão por apenas 45 dias e colocar o plano de paz de Annan dentro do Capítulo 7 da Carta da ONU.

O Capítulo 7 permite que o conselho autorize ações que vão de sanções diplomáticas e econômicas à intervenção militar. As autoridades norte-americanas afirmaram que estão conversando sobre sanções contra a Síria, não intervenção militar.

O Conselho de Segurança deve votar no dia 18 de julho.

"Definitivamente somos contra o Capítulo 7. Tudo pode ser negociado, mas isso não negociamos, essa é uma linha vermelha", disse o embaixador adjunto da Rússia na ONU, Alexander Pankin, a jornalistas.

A posição inicial da Rússia, aliado chave da Síria, não foi surpresa para os diplomatas ocidentais. A Rússia e a China já vetaram resoluções da ONU que tinham como objetivo pressionar o presidente sírio, Bashar al-Assad.

"Eles diriam isso neste estágio, não diriam?", disse o embaixador da Grã-Bretanha na ONU, Mark Lyall Grant. "Acho que há um apoio claríssimo no conselho, eu espero, para nosso texto e veremos como nos saímos."

A proposta de resolução apoiada pelo Ocidente ameaça em particular o governo sírio com sanções, caso não pare de utilizar armas pesadas e não retire suas tropas das cidades dentro de 10 dias da adoção da resolução.

sábado, 9 de junho de 2012

AIEA anuncia (mais um) fracasso de negociação com o Irã

Yukiya Amano, diretor-geral da AIEA

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) anunciou nesta sexta-feira o (novo) fracasso de suas negociações com o Irã. Um encontro promovido a portas fechadas nesta manhãtinha a intenção de esclarecer algumas dúvidas pendentes sobre a natureza do programa nuclear da República Islâmica, que levanta temor em todo o Ocidente por suspeitas de fabricação de uma bomba atômica.
Participaram do encontro na sede da AIEA o diretor-geral desta agência da ONU, Yukiya Amano, o diretor adjunto para Assuntos Políticos, o argentino Rafael Grossi, o inspetor-chefe de Desarmamento, o belga Herman Nackaerts, e o embaixador do Irã na AIEA, Ali-Asghar Soltanieh. Outra reunião crucial está programada para os dias 18 e 19 de junho em Moscou entre o grupo 5+1 (Estados Unidos, China, Rússia, Grã-Bretanha, França e Alemanha) e o Irã.
A AIEA deseja, em particular, obter acesso à base militar de Parchin, perto de Teerã, onde suspeita que o Irã executou testes com explosões convencionais que podem ser aplicadas no setor nuclear.
Atividades - Recentes imagens via satélite mostram que o Irã está produzindo trabalhos de limpeza nesse local, "incluindo o uso de água, a demolição de edifícios, a retirada de cercas e o levantamento de terra", assegurou Amano. Essas atividades aumentaram a desconfiança dos inspetores e as suspeitas de que o Irã está ocultando alguma coisa. "Queremos ter acesso a Parchin para entender o que acontece ali", afirmou o diretor-geral da AIEA.
governo iraniano nega veementemente todas as acusações. Ainda assim, nesta sexta-feira, o presidente chinês, Hu Jintao, pediu ao colega iraniano Mahmud Ahmadinejad que seja "flexível e pragmático" nas conversações sobre o programa nuclear.

Milícia Shabiha faz 'trabalho sujo' para regime de Assad

Destruição após ataque em Homs, na Síria

O Exército do ditador Bashar Assad não atua sozinho na repressão aos protestos na Síria. Segundo a rede americana CNN, o regime conta com uma espécie de "tropa de choque", que seria formada por membros da milícia Shabiha. "O regime usa esta milícia para fazer o verdadeiro trabalho sujo, como execuções e repressão truculenta, especialmente em áreas urbanas onde há resistência dos civis", afirma Jeff White, do Instituto de Políticas para o Oriente Médio em Washington.
História – A Shabiha surgiu na década de 1970 como o braço "gângster" da seita alauíta, oriunda da região costeira do país e à qual pertence a família Assad.Provável responsável pelos dois últimos massacres em Houla e Al-Koubeir, além de outros episódios, a milícia tem dezenas de milhares de integrantes no país. Seu nome, segundo analistas, tem origem na palavra "fantasma", em árabe.
O escritor sírio Yassin Haj Shalih afirma que o nome Shahiba se refere a aqueles que trabalham "fora da lei e vivem nas sombras". Com o início da revolta popular em 2011, os milicianos foram convocados como combatentes do regime, e seu nome passou também a ser sinônimo de "bandido".
A alcunha é adequada, diz Michael Weiss, um especialista em Síria do grupo de direitos humanos britânico Henry Jackson Society. "Eles costumavam traficar armas e drogas, e hoje estão sendo usados como açougueiros", diz.
Gangue  Weiss afirma ainda que, apesar de o governo sírio atribuir a truculência às forças da oposição, a Shabiha é, na verdade, "a gangue armada" que apavora a população. Segundo o especialista, os homens da milícia estão frequentemente vestidos com roupas camufladas – como as do Exército – e circulam em tanques de guerra ou caminhonetes brancas exibindo armas. "A maioria é de fortões com cabeças raspadas e barbas longas".
Além da brutal repressão aos revoltosos, de acordo com Weiss, as principais funções da milícia – que ele também considera a versão clandestina das forças de segurança sírias – é espionar a oposição e manter armas longe da resistência, comprando tantas quanto possível no mercado negro. A Shabiha também saqueia propriedades, comete estupros e execuções sumárias. "O massacre de Hula trouxe ao conhecimento global o que eles têm feito", diz o especialista.

Rússia testa novo míssil intercontinental

Vladimir Putin com um fuzil AK-47 no centro de investigação e tecnológico em Moscou, na Rússia
A Rússia testou com sucesso um novo míssil intercontinental capaz de evitar o sistema antimíssil do escudo desenvolvido pela Otan para a segurança da Europa. Segundo o ministério russo da Defesa, o artefato foi lançado da base de Plesstsk, norte do país, e a ogiva do míssil atingiu o alvo em Kamchatka, uma península do Extremo Oriente russo, no Pacífico. “Os alvos do lançamento foram alcançados", destacou o porta-voz Vadim Koval.

De acordo com a agência russa Interfax, o míssil testado foi projetado para evitar o escudo antimísseis instalado pela Otan na Europa. A primeira fase do projeto foi declarada operacional no domingo, durante a reunião de cúpula da Aliança Atlântica nos Estados Unidos.

A Rússia critica a implementação do escudo da Otan no leste da Europa, que segundo militares europeus têm como objetivo proteger o continente de ameaças de países como o Irã. Lançado em 2010, o escudo antimísseis virou o principal ponto de discórdia entre a Otan e a Rússia, país que considera o projeto uma ameaça a sua segurança.

Obama - Ciente das tensões envolvidas no impasse, Barack Obama preferiu afastar o tema polêmico pelo menos durante sua campanha eleitoral. No final de março, durante a Cúpula de Segurança Nuclear, em Seul, um vazamento de áudio no microfone de Obama acabou flagrando o pedido do presidente americano para o então presidente russo e atual premiê, Dimitri Medvedev. Sussurrando, Obama requisitou mais tempo antes da retomada das discussões sobre o escudo antimísseis. "Essa é minha última eleição, depois terei mais flexibilidade", justificou.

terça-feira, 5 de junho de 2012

China critica aumento da presença militar dos EUA na Ásia

Marines realizam exercício militar nas Filipinas: presença do exército americano no Sudeste Asiático vai aumentar

O governo chinês não recebeu bem a intenção do Pentágono de ampliar a presença militar dos EUA no Pacífico nos próximos anos. No último sábado, o secretário de Defesa, Leon Panetta, declarou que até 2020 60% da força naval americana estará concentrada na região asiática.

O plano faz parte da nova estratégia do país para o continente e inclui também parcerias militares com o Japão, a Coreia do Sul e países do Sudeste Asiático, como Filipinas, Tailândia e Cingapura.

O porta-voz do ministério das Relações Exteriores da China, Liu Weimin, afirmou que a presença dos EUA na região é bem-vinda, desde que o país comandado por Barack Obama respeite os interesses da China e das outras nações do continente. Segundo Weiman, hoje em dia as relações na Ásia são baseadas na paz e na cooperação, e não na superioridade militar. “A ênfase deliberada em estratégia militar e alianças bélicas não estão de acordo com os tempos atuais”, frisou o porta-voz.

EUA x China - Quando anunciou a nova estratégia para o Pacífico, Panetta deixou claro sua preocupação com a superioridade militar da China na região. "O Exército chinês está crescendo e se modernizando. Devemos ficar vigilantes. Devemos ser fortes. Devemos estar prontos para qualquer desafio", afirmou o secretário de Defesa, que já deixou claro que Washington não apoia qualquer tentativa unilateral de Pequim a favor de seus direitos no Mar da China Meridional, rico em petróleo e palco de conflitos territoriais com vários países vizinhos.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Arapongas se calam diante da CPI do Cachoeira

Vista geral da CPI do Cachoeira

Confirmando a estratégia jurídica de permanecer em silêncio para evitar a autoincriminação, os arapongas Idalberto Matias de Araújo, conhecido como Dadá, e Jairo Martins de Sousa optaram por não responder as perguntas dos parlamentares naquele que seria o depoimento deles à CPI do Cachoeira, no Congresso Nacional. "Foi a primeira vez que vi um silêncio absoluto dado pela voz de comando da quadrilha”, ironizou a senadora Kátia Abreu (PSD-TO). "Carlinho Cachoeira é um chefe de quadrilha eficiente".
No início da sessão da comissão de inquérito, após acordo costurado pelo presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), deputados e senadores aprovaram requerimento do senador Pedro Taques (PDT-MT) para que fossem finalizados antecipadamente os depoimentos daqueles que não quisessem falar à comissão. “Na reunião passada da CPI, Carlinhos Cachoeira exerceu o direito constitucional ao silêncio. O processo legal da CPI foi cumprido. Não podemos transformar essa CPI em um circo”, opinou Taques ao defender a dispensa dos depoentes.
Antes daquele que poderia ser o depoimento de Dadá, o advogado Leonardo Gagno, que integra a defesa do araponga, disse que são ilegais as interceptações telefônicas em que aparecem o ex-sargento da Aeronáutica. Dadá é especialista em gravações e, na organização de Carlinhos Cachoeira, seria uma espécie de coordenador da área de inteligência, recebendo pelas informações que Cachoeira queria saber.
“As interceptações telefônicas são ilegais, sem fundamento e também o inquérito da operação Monte Carlo, da Polícia Federal, teve origem a partir de uma denúncia anônima”, opinou Gagno. “A principal estratégia da defesa é para anular as provas. Se anularmos as escutas, todas as provas derivadas dele também ficam contaminadas, como uma fruta em uma árvore envenenada”, explicou o advogado, que negou que Dadá tivesse acesso privilegiado à Agência Brasileira de Inteligência (ABIN).
“Dadá só abastecia Cachoeira com informações e recebia por isso. É uma atividade lícita”, resumiu a defesa. “Ele não tem condição nenhuma de fazer grampos telefônicos. Nunca foram da arapongagem. Isso foi uma alcunha que criaram para eles”. Gagno também é advogado de Jairo Martins e disse que o araponga, que também se recusou a responder às perguntas da CPI, era contratado para apurar, a pedido de Cachoeira, reportagens e informações.

Governo fará veto parcial a Código Florestal, diz Temer

Dilma Rousseff e Michel Temer durante a cerimônia do ministro do Desenvolvimento Agrário Pepe Vargas, em Brasília

O vice-presidente da República, Michel Temer, afirmou nesta quinta-feira que o governo vetará alguns artigos do Código Florestal. O texto está sob análise da presidente Dilma Rousseff, que deve dar seu parecer sobre a matéria até esta sexta. O prazo para a publicação dos vetos no Diário Oficial expira na próxima segunda – quinze dias úteis após o recebimento da lei aprovada pelo Congresso.

Temer falou rapidamente sobre o assunto após uma reunião com empresários no Palácio do Planalto, da qual participou também o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Questionado sobre o Código Florestal, o vice-presidente respondeu: “Vetos parciais”. Temer não informou, no entanto, o número de artigos que serão tirados do texto. Em caso de veto da presidente a alguns tópicos, a discussão sobre esses pontos retorna à Câmara.
O relatório do Código Florestal foi aprovado por 274 votos a favor, 184 contra e duas abstenções em 25 de abril na Câmara, depois de tramitar também no Senado. O texto contrariou a vontade do Planalto, que preferia o documento aprovado pelo Senado. O projeto define a parte da vegetação que deve ser recomposta para que sejam regularizados agricultores que desmataram e detalha o tipo de atividade permitida nas áreas em que a vegetação foi retirada.
O texto aprovado pelo Congresso dá mais liberdade aos estados para definirem as normas ambientais e impõe a necessidade de agricultores manterem uma faixa de vegetação de quinze metros nas margens de rios com menos de dez metros de largura. Com pontos tão diversos, a nova versão do Código conseguiu deixar insatisfeitos ruralistas e ambientalistas. Desde que o documento chegou às mãos da presidente, tem motivado manifestações na internet e nas ruas pelo veto total.
Durante essa semana, Dilma tem se reunido com ministros das áreas relacionadas com o Código Florestal em busca de embasamento para seu parecer. Ela encontrou-se na terça e na quarta-feira com a titular do Meio Ambiente, Izabella Teixeira. Nesta quinta, recebeu às 14h30 o ministro do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas.