terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

ONU: direitos humanos exigem cessar-fogo imediato

O Conselho dos Direitos Humanos da ONU durante o debate emergencial para discutir a questão da Síria nesta terça-feira

A Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Navi Pillay, exigiu nesta terça-feira no Conselho dos Direitos Humanos da ONU um "cessar-fogo humanitário imediato" na Síria para acabar com a violência e permitir ajuda à população.
"Apesar das dificuldades de determinar com precisão o número de vítimas, no dia 15 de fevereiro de 2012 o governo nos entregou os próprios números de 2.493 civis e 1.345 soldados e policiais mortos entre 15 de março de 2011 e 18 de janeiro de 2012", afirmou Pillay. A comissária completou, no entanto, que segundo as informações que recebeu, "o número efetivo de vítimas pode superar estas cifras" - fala-se em mais de 9.400 mortes.
Em 13 de fevereiro, Navi Pillay havia denunciado a situação na Síria na Assembleia Geral da ONU em Nova York. "Desde então, meu escritório recebeu informações inquietantes sobre uma rápida deterioração dos direitos humanos e da situação humanitária", disse a alta comissária. "Notícias recentes indicam ainda que o Exército sírio e as forças de segurança iniciaram grandes campanhas de detenções, com a prisão arbitrária de milhares de manifestantes".
O Conselho dos Direitos Humanos da ONU debate a crise humanitária na Síria a partir de um projeto de resolução - proposto por Turquia, Qatar, Kuwait e Arábia Saudita - que pede ao regime de Bashar Assad a autorização para um acesso "sem obstáculos" da ONU e das agências humanitárias para ajudar a população, em particular na cidade de Homs, bastião dos opositores do regime.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Irã impede entrada da AIEA em instalação militar suspeita

Nenhum obstáculo impedirá o curso nuclear do Irã, diz o líder supremo Khamenei


O Irã desafiou a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e a comunidade internacional ao negar acesso a uma instalação militar nas proximidades de Teerã, onde existe a suspeita de atividades relacionadas com um programa nuclear bélico. Uma missão especial de alta categoria da AIEA, liderada por seu inspetor-chefe, Herman Nackaerts, voltou nesta quarta-feira a Viena com as mãos vazias após dois dias de intensas negociações em Teerã
"Tentamos chegar a um acordo sobre como seguir adiante para resolver assuntos pendentes, em particular discutimos as supostas dimensões militares do programa nuclear (iraniano)", disse o belga em seu retorno à capital austríaca, onde fica a sede da agência nuclear das Nações Unidas. "Afrontamos esta viagem com um espírito construtivo, mas infelizmente não chegamos a nenhum acordo", manifestou o inspetor-chefe do organismo à imprensa.
O Irã se nega a conceder acesso aos especialistas da AIEA à base militar de Parchin, nas proximidades de Teerã, onde os serviços de inteligência ocidentais suspeitam da realização de trabalhos relacionados com a construção de armas nucleares. Nackaerts afirmou nesta quarta-feira que informará em detalhes ao diretor-geral da AIEA, Yukiya Amano, sobre o que aconteceu nesta fracassada missão ao Irã, a segunda em menos de um mês. 
Além disso, os resultados desta visita serão incluídos no próximo relatório técnico do organismo sobre a República Islâmica, que é esperado para os próximos dias e será analisado a partir de 5 de março pelo Conselho de Governadores da AIEA. Nackaerts esteve no Irã acompanhado por Rafael Grossi, chefe de gabinete de Amano; o francês Jacques Baute, especialista na construção de bombas atômicas, e uma das juristas da AIEA, a americana Laura Rockwood. 
Em comunicado emitido nesta quarta-feira, Amano antecipou o fracasso da missão, ao classificar como 'decepcionante' que o Irã não tenha aceitado seu pedido de visitar Parchin. "Nós negociamos com espírito construtivo, mas não foi alcançado acordo algum", concluiu Amano na nota. Segundo acrescentou a porta-voz da AIEA, Gill Tudor, por enquanto não há acordo sobre mais conversas com o Irã.
Tensão - O fracasso da missão acontece em um momento de crescente tensão na disputa sobre o programa nuclear iraniano e as ameaças diretas e indiretas de Israel sobre um possível ataque aéreo contra as instalações atômicas do país. O Ocidente, com os Estados Unidos, a Grã-Bretanha e Israel na liderança, teme que sob a justificativa de um suposto programa pacífico o Irã queira construir armas atômicas. Teerã rejeita estas alegações e diz que seus esforços atômicos só têm objetivos pacíficos, como a geração de energia elétrica e a elaboração de isótopos para combater o câncer.
O especialista americano Michael Adler disse que é "excepcional para a AIEA ser tão clara", o que demonstra "sua frustração e sua incapacidade de avançar na investigação". O pesquisador do Wilson Center de Washington (EUA) adverte que o fracasso desta missão impulsionará as preocupações de que o Irã não está cooperando com a comunidade internacional, o que se unirá à tensão já existente. Além disso, sua falta de cooperação contradiz a versão do Irã de que não tem nada a ocultar e quer cooperar com a AIEA, conclui Adler.
As principais instalações nucleares da República Islâmica estão fortemente protegidas ou foram construídas abaixo da terra para dificultar sua destruição em um ataque militar. Contra as resoluções do Conselho de Segurança da ONU, que já impôs quatro rodadas de sanções, o Irã segue com seu programa de enriquecimento de urânio. Esse material, que o Irã já enriquece até 20%, serve tanto como combustível nuclear como para fabricar bombas atômicas. 

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Deputado quer apurar violações humanas durante a ditadura militar




A ditadura militar é definida como sendo o período da política brasileira em que os militares governaram o Brasil. Esta época vai de 1964 a 1985. Caracterizou-se pela falta de democracia, supressão de direitos constitucionais, censura, perseguição política e repressão aos que eram contra o regime militar.
De acordo com o presidente da Comissão de Direitos Humanos Cidadania e Amparo à Criança, ao Adolescente e ao Idoso, deputado estadual Emanuel Pinheiro (PR), com a ditadura o Brasil foi privado dos mais elementares direitos da cidadania.

"A ditadura militar sequestrou, manteve em cárceres clandestinos, torturou, assassinou e ocultou cadáveres de seus opositores, e ainda, impediu o conhecimento desses fatos, que até hoje permanecem sem esclarecimentos", destacou o presidente.
Durante sessão ordinária, no dia 07 de fevereiro, o deputado fez uso da tribuna para falar em nome da sociedade que vem lutando, de diversos meios, para que o Estado apure toda a verdade referente os fatos e as responsabilidades.

Emanuel Pinheiro apresentou um Projeto de Resolução que cria a "Comissão da Verdade do Estado de Mato Grosso", que também foi assinado pelo presidente da Assembleia Legislativa, deputado José Riva (PSD), para apuração de graves violações dos Direitos Humanos durante o período de 1964 até 1985 ocorridas no território mato-grossense.

"Proponho a criação da Comissão da Verdade a fim de fortalecer e consolidar o Estado Democrático de Direito, assim como, permitir a construção de um futuro sem violência e abusos aos Direitos Humanos", explanou Emanuel Pinheiro.
O parlamentar explica que a Comissão vai atuar no sentido de esclarecer os fatos e as circunstancias dos casos de graves violações de direitos humanos, circuncidados dos casos de torturas, mortes, desaparecimentos forçados, ocultações de cadáveres e sua autoria. "Acreditamos que com a criação da Comissão da Verdade vamos colaborar com o poder público na apuração dos casos", finalizou Pinheiro.

Milhares de pessoas protestam na Rússia a favor de Putin

Milhares de russos protestaram neste sábado em várias cidades a favor de Vladimir Putin, favorito nas eleições presidenciais de 4 de março, em uma tentativa de contrabalançar uma onda de protestos sem precedentes contra o homem forte do país.
Ao menos 50 mil pessoas participaram das manifestações na Rússia europeia, na Sibéria e no Extremo Oriente para apoiar o primeiro-ministro, que deseja retornar ao Kremlin para um terceiro mandato, após os dois anteriores de 2000-2008, segundo jornalistas da AFP e estimativas da polícia.
Após organizar uma manifestação pró-Putin no dia 4 de fevereiro - o mesmo dia de uma marcha da oposição - os partidários do regime seguem com a ofensiva.
Em São Petersburgo, antiga capital imperial e cidade natal de Putin, cerca de 10 mil pessoas saíram às ruas com cartazes nos quais era possível ler: "Sim às mudanças, não à revolução" ou "Juntos com Putin a favor de uma Rússia forte".
A oposição acusa os organizadores dos protestos pró-Putin de utilizarem os recursos do Estado e, inclusive, de oferecerem dinheiro para as pessoas participarem.
Manifestações similares ocorreram em grandes cidades russas, exceto Moscou, com a participação de outros milhões de manifestantes.
Um comício a favor de Putin está previsto no dia 23 de fevereiro em Moscou com o slogan "Protejamos o país", no qual os organizadores esperam reunir 200 mil pessoas.
A oposição responderá na capital no dia 26 de fevereiro, e espera reunir milhares de pessoas que formarão uma corrente humana em torno de uma estrada periférica de Moscou.

Serviço secreto de Israel emite alerta de atentados

Carro da embaixada de Isarel na Índia foi atingido por explosão; governo israelense acusou Irã e Hezbollah

O serviço secreto e o escritório de luta antiterrorista de Israel emitiram nesta sexta-feira um alerta generalizado que indica a possibilidade de atentados. Os órgãos pediram aos israelenses que tenham cautela em qualquer lugar do mundo. O alerta foi divulgado por conta de informações recolhidas nos interrogatórios de suspeitos de cometer atentados, nesta semana, contra diplomatas do país na Tailândia e na Índia, informou o jornal israelense Yedioth Ahronoth.
"É importante que todos saibam que estamos diante de uma série de atentados", disse uma fonte dos serviço secretos ao jornal. Em Nova Délhi, na Índia, a mulher de um diplomata israelense ficou ferida no início desta semana em um ataque a bomba contra seu carro, enquanto em Bangcoc, na Tailândia, o crime foi evitado pelos serviços de segurança após um artefato ter explodido numa casa alugada por dois suspeitos. Também foi registrada outra tentativa de atentado em Tbilisi, capital da Geórgia, onde o motorista do embaixador israelense notou um objeto suspeito encostado no carro.
Israel acusou o Irã e o movimento xiita libanês Hezbollah  de estarem por trás desses ataques e de outras tentativas de atentados perpetradas no mês passado, mas Teerã negou participação nesses incidentes, assim como o Hezbollah. Segundo fontes de segurança israelenses, as bombas utilizadas foram fabricadas num mesmo laboratório em Teerã e dois dos detidos em Bangcoc possuem nacionalidade iraniana.
O escritório de luta antiterrorista de Israel, responsável por emitir esse tipo de alerta, não mencionou nenhum país em especial e pediu a todos os israelenses no exterior que não toquem em objetos suspeitos, não aceitem nada de desconhecidos e estejam atentos às instruções dos organismos de segurança locais. O alerta também foi dirigido a organizações judaicas no mundo inteiro. Na quarta-feira, o governo dos Estados Unidos pediu aos grupos judeus em todo o país que adotem medidas de segurança.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Nave chinesa Shenzhou 9 será lançada em junho para se acoplar a módulo espacial

Concepção artística do módulo Tiangong-1 e da nave Shenzhou

A diferença entre esta missão e a do Shenzhou 8, lançado em novembro de 2011, é criar uma estrutura que permitirá a passagem de ar entre os dois objetos. Animais e sementes estarão à bordo para a realização de experiências para preparar a viagem de dois ou três astronautas ao módulo no início de 2013, incluindo a primeira chinesa em órbita.
"Temperatura, umidade e a pressão serão controladas depois que o ar circular entre ambas as naves para garantir a segurança dos astronautas que irão até o módulo na próxima missão", detalhou Zhu Yilin, cientista do Instituto de Tecnologia Espacial da China.
A nave tripulada fará acoplamentos automáticos e manuais e experiências, além de tarefas de manutenção do módulo.
A China lançou seu último equipamento, o Shenzhou 8, em novembro de 2011. Após duas semanas em órbita, ele acoplou-se à Tiangong 1, tornando-se a primeira nave chinesa a realizar esse feito. A manobra aconteceu a uma velocidade de 28.000 quilômetros por hora e a uma altitude de 343.000 metros acima da superfície da Terra, segundo o Centro Aeroespacial de Controle de Voo, em Pequim.
Especialistas estimam que o atual o nível tecnológico da China é equivalente ao que tinham os Estados Unidos e a extinta União Soviética na década de 60, mas está progredindo mais rapidamente do que Washington e Moscou, onde os problemas econômicos e as dúvidas sobre a viabilidade do projeto frearam os avanços durante anos.


Malvinas: apoio brasileiro à Argentina é antigo, diz governo

Ilhas Malvinas/Falklands: soberania do território é disputada por Argentina e Grã-Bretanha

Aos olhos da diplomacia internacional, o Brasil tem feito gestos importantes para apagar as máculas deixadas pelo governo antecessor. O Irã, por exemplo, que antes era declaradamente um "amigo próximo" do ex-presidente Lula, já se mostrou descontente com a política menos simpática de Dilma Rousseff. "Ela destruiu anos de bom relacionamento", disse recentemente o porta-voz do presidente Mahmoud Ahmadinejad. Mas ainda há ações diplomáticas difíceis de explicar. Foi o que ocorreu a poucos dias do início de 2012, ano que demarca três décadas da Guerra das Malvinas, quando o Brasil surpreendeu ao anunciar, ao lado dos demais países do Mercosul, que iria fechar seus portos para barcos com bandeira das ilhas Malvinas, endossando um pedido do governo da presidente Cristina Kirchner. Criticada pela Grã-Bretanha como uma tentativa de isolar os habitantes das ilhas e prejudicar suas relações comerciais com o continente, a medida é a mais recente cartada argentina na secular disputa sobre o território do arquipélago, sob domínio britânico desde 1833.
Em entrevista ao site de VEJA, Benoni Belli, chefe da Divisão de América Meridional I do Ministério das Relações Exteriores, responsável pelas negociações com Argentina e Uruguai, explica por que o Brasil decidiu se envolver de maneira explícita nessa disputa, e diz que o que está proibido é um navio aportar no Brasil exibindo a bandeira das Falkland (nome inglês das ilhas). "Não existe bloqueio às embarcações. O que existe é a não aceitação de uma bandeira", afirma. De acordo com o diplomata do Itamaraty, o barco que navegar sem o símbolo no mastro não tem impedimento algum para entrar nos portos do Mercosul. Além disso, ele garante que a decisão não compromete as relações brasileiras com a Grã-Bretanha e argumenta que a posição do Brasil, que é "tradicional e histórica", está respaldada em resoluções da ONU e na expectativa de estabilidade da região. "É uma disputa territorial na América do Sul que nós temos todo o interesse que seja resolvida".            
Em que está baseada a posição do Brasil em relação à disputa pelas ilhas Malvinas? A posição do Brasil, numa linguagem padrão no campo internacional, é de respaldo aos legítimos direitos da Argentina na disputa de soberania em relação às Ilhas Malvinas. Essa posição de respaldo é tradicional e histórica, não é recente. Ela vem desde que os ingleses tomaram as ilhas, em 1833. Naquele momento, no então Império do Brasil, já independente mas ainda em situação de consolidação da nação, o nosso representante em Londres foi instruído a apoiar o protesto do representante argentino diante da medida de força que foi a tomada das Malvinas na época. Isso permaneceu desde o século XIX até os dias de hoje. Não mudou, é uma posição assentada. O que aconteceu nesse período todo foi o processo de descolonização. O tema das Malvinas foi incluído nas Nações Unidas como um tema de descolonização na década de 1960. Tem uma resolução da ONU, de 1965, que é um parâmetro internacional para a discussão do tema. E, todas as seguintes (foram várias) reconheceram que o tema é de descolonização e exortaram as partes a negociarem uma solução pacífica e definitiva.
Mas apesar de historicamente reconhecer a soberania argentina sobre as Malvinas, o Brasil nunca se envolveu na questão como agora. A partir do momento em que a gente apoia a Argentina na disputa de soberania, estamos tomando partido numa disputa territorial. Mas nós sempre defendemos a negociação e a solução da questão por meios pacíficos e diplomáticos. Tanto que, em 1982, quando houve a Guerra das Malvinas, o Brasil não deixou de dar o apoio político à Argentina. No entanto, não se envolveu no conflito bélico. Tanto é assim que o Brasil foi responsável pelos interesses argentinos em Londres. Durante a guerra, com as relações entre Argentina e Grã-Bretanha cortadas, os britânicos mantinham quatro diplomatas na embaixada suíça em Buenos Aires. E o Brasil, considerado confiável apesar de apoiar os argentinos, foi aceito pela Grã-Bretanha para ser a sede da seção de interesses argentinos (em Londres). Nossa posição é coerente com a história do país. Há dois contendores e nós favorecemos um deles - não escondemos isso nem mesmo dos ingleses desde 1833. É uma política contínua. O que há de novo é a evolução de como o governo argentino tem lidado com o tema após a guerra. Houve um período, sobretudo no governo Menem (1989-1999), em que a estratégia era outra, de sedução. Consistia, basicamente, em manter a cooperação em temas de interesse comum, como na área de tráfego aéreo, na exploração de recursos naturais e no turismo. Mas claro que o objetivo da Argentina era, em algum momento, começar a discutir a questão da soberania.
E o momento de abrir essa discussão coincidiu com a chegada dos Kirchner ao poder?O que aconteceu, sobretudo com a eleição do presidente Néstor Kirchner (2003) - e ele sendo alguém que veio de uma região mais próxima (a província de Santa Fé) e portanto com um interesse mais direto no tema -, foi uma avaliação que a estratégia do governo Menem, não tinha sido bem-sucedida. A questão da soberania ficou congelada e os ingleses continuaram recusando qualquer ideia de iniciar conversas sobre o tema. Então, a estratégia passou a ser outra: tentar obter apoio em diferentes foros regionais para colocar em evidência no cenário internacional a posição inglesa, que do ponto de vista argentino tem sido intransigente. A evolução recente tem a ver com essa nova atitude. E, assim, a Argentina tem conseguido apoio e solidariedade em toda região: não é só o Brasil, é a América do Sul como um todo, através do Mercosul e países associados, da Unasul (União de Nações Sul-Americanas), e da Celac (Comunidade dos Estados Latinoamericanos e Caribenhos). Há uma declaração anual da OEA (Organização dos Estados Americanos) que também é, de certa forma, solidária à Argentina, porque solicita às partes que negociem uma solução para o tema. E, obviamente, as resoluções anuais do Comitê de Descolonização das Nações Unidas vão no mesmo sentido.
Em que se baseou a decisão de aprovar o bloqueio de navios com bandeira das Malvinas nos portos do Mercosul? Primeiro, a linguagem "bloqueio" não está correta. Não existe bloqueio às embarcações. O que existe é a não aceitação de uma bandeira. Tanto que o navio não é o alvo da medida. Não é a atividade econômica que ele exerce, tampouco o fato de ele estar indo e voltando das Malvinas. O alvo da medida é uma bandeira, que pretende ser um símbolo legítimo de um território que, na verdade, está sob disputa de soberania. Uma disputa na qual uma parcela importante da comunidade internacional apoia a Argentina. Então, seria incoerente aceitarmos esse símbolo como legítimo tendo como pano de fundo que a autoridade que concedeu aquela bandeira não teria legitimidade para tanto, em razão de haver uma disputa de soberania sobre território que precisa ser negociada. Então, é uma questão que tem muito mais a ver com o simbolismo da bandeira. Tanto que se o mesmo barco colocar uma bandeira que não é das Malvinas ele terá acesso aos portos de toda região sem nenhum problema. Se fosse bloqueio, fecharíamos os portos a todas as embarcações vindas das Malvinas, e não é o caso.
O que o Brasil tem a ganhar ao apoiar a Argentina nesse conflito? Muitas vezes nas relações internacionais os ganhos não são imediatos nem de curto prazo. O que nós queremos? Que haja uma solução para o tema das Malvinas e preservar a nossa região como uma região de paz e prosperidade. Isso é uma questão importante. Quando nós nos pronunciamos sobre o tema, temos sempre em mente esse objetivo de longo prazo. É uma disputa territorial na América do Sul que nós temos todo o interesse que seja resolvida, de forma pacífica, no prazo mais breve possível. Se isso ocorrer, todos ganhamos. Teremos uma região mais estável e mais pacífica, em que os temas que realmente interessam, como o bem-estar da população e o desenvolvimento socioeconômico, vão prevalecer. Muitas vezes, a gente vê a realidade da África e de outras regiões do mundo em que há mais conflito, e nota que as disputas territoriais e por determinadas riquezas é que levam a conflitos que impedem o desenvolvimento. Nós temos na região uma situação bem melhor, bem mais pacífica, mas permanecem alguns problemas políticos que precisam ser revolvidos. É o caso das Malvinas. É uma disputa que pode ser resolvida se houver boa vontade de todas as partes em negociar.
A Grã-Bretanha diz estar mantendo conversas com a diplomacia brasileira sobre o assunto. Há pressão de Londres para o Brasil não se envolver na questão? Não tem nem como ter pressão sobre o Brasil em relação ao tema, porque a Grã-Bretanha conhece a posição histórica brasileira. Nem passa, acho, pela cabeça dos britânicos colocar pressão sobre o Brasil porque sabem que seria totalmente contraproducente. Há diálogo sobre o tema, é diferente. Eles levantam a questão, demonstram preocupação, fazem um apelo para que haja moderação. E nós mostramos o nosso ponto de vista, que é um apoio não só brasileiro mas de toda a região, de respaldo aos direitos da Argentina. E para que haja uma solução definitiva por meio da diplomacia e da negociação. Nós respeitamos a posição britânica, eles respeitam a nossa, e mantemos relações corretas, que vêm se fortalecendo dentro dos pontos que temos em comum. O que acontece com a Grã-Bretanha, de ter um ponto eventualmente divergente, acontece com todos os grandes parceiros do Brasil. Não temos de concordar em tudo com os outros países para termos excelentes relações. Há uma série de questões de agenda positiva que continuarão se fortalecendo. E não há dúvida em relação a isso.
Dentro desse diálogo que tem sido mantido com o Brasil, a diplomacia britânica já manifestou alguma disposição de negociar a questão da soberania sobre as Malvinas? O diálogo não chega a esse nível de detalhe. Mas, publicamente, nós sabemos que a Grã-Bretanha tem uma posição, histórica também, de condicionar qualquer discussão sobre a soberania ao desejo dos habitantes das ilhas Malvinas. Nós não chegamos a discutir isso porque nós sabemos qual é a posição deles em relação ao tema e, nos diálogos, isso é reiterado. E nós tendemos a dizer a mesma coisa com relação ao Brasil: nossa posição é conhecida e não mudou. Mas reiteramos nosso desejo de que, em algum momento, haja uma negociação entre as partes.
O Brasil respeitaria a decisão dos malvinos se fosse realizado um plebiscito para decidir a questão da soberania - como quer a Grã-Bretanha? É preciso levar em conta o seguinte: a resolução de 1965 das Nações Unidas estabeleceu que as partes são a Grã-Bretanha e a Argentina, e que elas devem discutir e solucionar o tema da disputa da soberania tendo em conta os interesses dos habitantes das Malvinas. Por que as Nações Unidas não consideraram a possibilidade de colocar os habitantes como parte da negociação? Porque a disputa de soberania é anterior à própria presença de uma população na região. Não é, por exemplo, um processo de colonização como o que se viu na África. Na mesma época, 1840, a França tomou a Argélia e tinha toda uma população nativa, que foi colonizada e afrancesada. Depois, houve uma guerra sangrenta. Nesse caso, a população já presente precisa ser ouvida porque era dona daquele território, e as Nações Unidas oferecem a possibilidade de plebiscitos, referendos, ou seja, de consulta. No caso das Malvinas não se aplica o chamado princípio da autodeterminação, porque está em jogo um território que era inabitado. Foi a partir da tomada do território que, ao longo dos anos, uma população foi se estabelecendo. E hoje chega a cerca de 3.000 habitantes. Não significa que as Nações Unidas descuidem dos interesses dessa população, mas antes mesmo dela se colocar já havia uma disputa territorial em que a Argentina alega que foi esbulhada do território. Então, o que prevalece no caso das Malvinas, que é um caso particular de colonização, é o princípio da integridade territorial dos estados.


Irã quer negociar após anúncio de avanços no setor nuclear

Ahmadinejad (à dir.) mostrou avanços do programa nuclear ao lado de cientistas

O Irã voltou a falar em "negociar" com as potências do grupo 5+1 (Estados Unidos, China, Rússia, França, Grã-Bretanha e Alemanha), um dia depois de anunciar uma série de avanços importantes em seu programa nuclear. "Sempre recebemos favoravelmente o princípio de negociações e pensamos que, com um enfoque positivo e um espírito de cooperação, podemos fazer progressos", declarou o porta-voz do ministério das Relações Exteriores, Ramin Mehmanparast.
O chefe dos negociadores nucleares iranianos, Said Jalili, respondeu a uma carta enviada em outubro pela chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, representante do grupo 5+1, sobre a possibilidade de reinício das negociações. As últimas conversações aconteceram em janeiro de 2011 em Istambul, Turquia. O Irã parece ter esperado o anúncio de seus avanços nucleares para dar sua resposta a Ashton. O presidente Mahmoud Ahmadinejad e outros dirigentes iranianos repetiram que o Irã obteve progressos, apesar de todas as pressões e sanções internacionais. "Negociar em posição de força" é a manchete do jornal oficial iraniano.
O Irã anunciou na quarta-feira que conseguiu produzir o próprio combustível nuclear a 20% para seu reator de pesquisas, depois que várias autoridades e especialistas nucleares ocidentais afirmaram que o país não possuía as capacidades tecnológicas. Da mesma forma, Ahmadinejad declarou que o Irã aumentou em 50% o número de centrífugas de primeira geração em funcionamento, passando de 6.000 a 9.000. Também anunciou que os cientistas iranianos fabricaram uma nova centrífuga, de quarta geração, três vezes mais potente que as existentes.
Receio - Os anúncios demonstraram a vontade e determinação de Teerã de prosseguir com o programa nuclear, apesar das sanções ocidentais, em particular sobre o petróleo. Israel e Estados Unidos, que suspeitam que o Irã deseja fabricar armamento atômico, afirmaram em várias ocasiões que não descartam o uso da força contra a República Islâmica.
O ministro israelense da Defesa, Ehud Barak, afirmou nesta quinta-feira que o Irã exagera seu êxito. "Os iranianos continuam avançando, mas o que foi apresentado ontem (quarta-feira) foi um espetáculo. Há várias coisas que foram apresentadas de forma exagerada, em parte para dissuadir o mundo de interferir com eles", disse. "Os iranianos querem dar a impressão de que superaram o ponto de não retorno, o que não é verdade", acrescentou. "Francamente, não vemos nada de novo", declarou também uma fonte do Departamento de Estado americano.
A Rússia pediu ao Irã uma cooperação maior com Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). "O mais importante é que tudo o que foi anunciado e feito no setor nuclear permaneça sob controle total da AIEA", declarou o chanceler russo Serguei Lavrov. Moscou também defendeu a retomada rápida das negociações entre o Irã e as grandes potências, além de ter afirmado que as sanções não têm efeito sobre Teerã. Uma nova delegação de alto nível da AIEA deve ter novas reuniões na segunda-feira no Irã para questionar as ambiguidades e responder as perguntas sobre uma possível dimensão militar das atividades nucleares.


quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Forças de Assad matam quase 100 em bombardeio a Homs

Fumaça negra é vista em  bairro de Homs bombardeado por forças de Assad


Bombardeada pelo Exército sírio com morteiros e foguetes desde a última sexta-feira, a cidade de Homs, principal reduto da oposição ao ditador Bashar Assad, enfrenta nesta quinta-feira a pior onda de ataques desde o início do cerco das forças de segurança do regime. De acordo com os oposicionistas Comitês de Coordenação Local (CCL), ao menos 95 pessoas morreram desde a madrugada, quando recomeçou a sangrenta ofensiva a Homs, que já contabiliza mais de 450 mortos em uma semana.
Em comunicado, o grupo da oposição disse que médicos e ativistas estão no terreno e informaram que os contínuos bombardeios destruíram várias casas que ainda estavam ocupadas por seus moradores. O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, condenou a "brutalidade apavorante" do massacre, concentrado em bairros controlados por forças rebeldes.
Ali Hazuri, um médico que trabalha no bairro de Baba Amr, disse à rede BBC que os bombardeios recomeçaram ao amanhecer depois de terem sido interrompidos durante a noite. "Está chovendo bombas sobre nós e as forças do regime estão usando artilharia pesada", relatou. 
Mais repressão - Apesar de se concentrar em Homs, a repressão das forças de Assad matou nesta quinta-feira ao menos mais 10 pessoas no restante do país, de acordo com a rede de ativistas dos Comitês de Coordenação Local, principal fonte de informações sobre os conflitos na Síria uma vez que a imprensa internacional tem dificuldade para atuar no país. 

O grupo opositor destacou que pelo menos três óbitos ocorreram em Maarat al Nuaman, na província nortista de Idlib, e quatro em Zabadani, nos arredores de Damasco. Do total de vítimas ao menos oito são menores, destacaram os Comitês.
Epicentro da revolta contra o regime de Assad, Homs teme agora que o Exército de Assad invada a cidade, deixando um rastro ainda maior de sangue. Segundo o secretário-geral da ONU, o fracasso em adotar uma resolução contra a Síria no Conselho de Segurança das Nações Unidas encorajou Damasco a dar "um passo à frente na guerra contra seu próprio povo".

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Obama diz que EUA têm bom conhecimento do programa nuclear iraniano

 O presidente Barack Obama afirmou em uma entrevista ao canal NBC difundida nesta segunda-feira que os Estados Unidos têm um bom conhecimento do estado do programa nuclear iraniano e que estão preparados há tempos para uma eventual operação militar se for necessário.
"Uma das dificuldades é que o próprio Irã está agora muito mais dividido do que antes e que é complicado saber quem toma as decisões num dado momento", afirmou Obama.
Nove meses antes das eleições presidenciais, Obama classificou de falsas as acusações do pré-candidato republicano Mitt Romney no sentido de que seu governo não havia se preparado para uma operação militar contra o programa nuclear da República Islâmica.
"Nestes últimos anos planejamos longamente diferentes opções (...), estamos prontos para colocá-las em prática se necessário", afirmou o presidente, insistindo que continua sendo possível uma solução diplomática para a crise.
Na entrevista, Obama afirmou que Israel não tomou ainda uma decisão sobre um eventual ataque contra as instalações nucleares iranianas.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Veto na ONU a resolução contra Síria dá ao regime autorização para matar, diz oposição

Veto na ONU a resolução contra Síria dá ao regime autorização para matar, diz oposição O CNS (Conselho Nacional Sírio), que reúne as principais organizações da oposição do país, afirmou neste domingo (5), por meio de comunicado, que o veto de Rússia e China a uma resolução na ONU que condenava a repressão na Síria dá ao regime de Bashar al-Assad uma "autorização para matar com impunidade".


- O CNS condena energicamente o veto imposto por Moscou e Pequim ao projeto de resolução do Conselho de Segurança da ONU e considera esta decisão irresponsável como uma autorização ao regime sírio para matar com impunidade.


A oposição síria denunciou que durante a madrugada de sexta-feira para sábado, bombardeios do regime de Assad mataram mais de 230 civis na cidade de Homs, centro do país, em um verdadeiro massacre.


Além disso, no sábado a violência deixou 48 mortos na Síria, incluindo 24 civis e 18 soldados do Exército oficial, anunciou o OSDH (Observatório Sírio dos Direitos Humanos), organização com sede na Grã-Bretanha.


A organização informou que seis desertores também morreram nos confrontos. O OSDH destacou ainda que nove militares faleceram neste domingo em confrontos com desertores no noroeste do país.


A Rússia afirmou neste domingo que os países ocidentais são responsáveis pelo fracasso da votação da resolução.


O vice-ministro russo das Relações Exteriores, Guennadi Gatilov, afirmou que, "em Moscou, lamentamos que os autores do projeto de resolução sobre a Síria não tenham desejado fazer os esforços adicionais necessários para alcançar um consenso".


Mas a reação da comunidade internacional foi dura. Treze dos 15 países do Conselho votaram a favor do projeto proposto pelos países árabes e europeus, que apoiam um plano da Liga Árabe para assegurar uma transição para a democracia na Síria e que denuncia as "contínuas violações" dos direitos humanos cometidas pelo regime de Assad.
 

O ministro das Relações Exteriores britânico, William Hague, acusou a Rússia e a China de terem "abandonado" o povo sírio e encorajar a brutal repressão do regime de Assad e o embaixador francês na ONU, Gérard Araud falou em um "dia triste para o Conselho, para os sírios e para os amigos da democracia".


Neste domingo, o primeiro-ministro tunisiano, Hamadi Jebali, defendeu que todos os países expulsem os embaixadores da Síria como medida de protesto pela violenta repressão do regime de Bashar al-Assad.


Na Austrália, a embaixada da Síria foi atacada e saqueada parcialmente por manifestantes, informou a polícia de Canberra.


No sábado, as embaixadas sírias em Atenas, Berlim, Cairo, Kuwait e Londres também foram atacadas, após as informações do massacre de 230 pessoas em Homs.

Após novo escândalo, Agnelo demite diretor da Polícia Civil

O governador Agnelo Queiroz: o que mais falta?


Parecia impossível. Mas o governador do Distrito Federal, o petista Agnelo Queiroz, conseguiu se enrolar ainda mais. O mais novo escândalo terminou com a queda do diretor da Polícia Civil, Onofre de Moraes. A demissão foi anunciada na tarde desta quinta-feira. Em imagens divulgadas na internet, Moraes aparece fazendo declarações que comprometem o governador. O vídeo foi divulgado pelo jornalista Edson Sombra - o mais próximo aliado de Durval Barbosa, que delatou o esquema de corrupção nas gestões de Joaquim Roriz e José Roberto Arruda.Assista aos principais trechos da fala de Moraes.
“Quando o seu governador [Agnelo Queiroz] estiver saindo num camburão da Polícia Federal e eu estiver aposentado eu só vou falar: ‘Pega a diretora para tirar ele [da cadeia]’”, afirma o delegado Onofre de Moraes a Sombra, diante de três testemunhas. O vídeo foi feito em junho, antes que Onofre assumisse o comando da Polícia Civil. Na época, ele criticava a então ocupante do cargo, Mailine Alvarenga. 
Em outro trecho, Onofre afirma que a lista de denúncias contra Agnelo vai motivar a renúncia do governador: "Vai um bandido preso na DP e diz: ‘Aquele delegado é um corrupto porque me tomou isso e me tomou aquilo’. Aí o juiz, primeiro, não vai acreditar. Aí vem o segundo bandido, o terceiro. Aí o juiz vai dizer: ‘Ele é bandido mesmo’. É o que vai acontecer com o Agnelo. Vem o primeiro processo, Polícia Federal, Ministério Público, um processo, outro, outro. Sabe o fim dele qual é? Renúncia". As afirmações dão força à tese de que a nomeação de Onofre para o comando da Polícia Civil, em novembro, foi uma espécie de cala-boca para o delegado.
Cooptação - A nova briga teve início quando VEJA mostrou, na edição desta semana, que Agnelo havia tido acesso privilegiado ao material da operação Caixa de Pandora, que levou Arruda à prisão e facilitou a eleição do petista em 2010. Durval acusa Onofre de tentar comprar o silêncio de Edson Sombra com 150 000 reais.
Em entrevista ao jornal Correio Braziliense, o diretor da Polícia Civil atacou duramente Sombra e negou as afirmações. O jornalista não deixou por menos: divulgou um vídeo em que Onofre faz considerações nada abonadoras sobre o governador. As imagens foram gravadas na casa de Sombra.
O vídeo é mais uma evidência de que, em vez de desmontar os nebulosos esquemas montados em gestões anteriores no governo local, o grupo de Agnelo Queiroz apenas incorporou a estrutura herdada.
A demissão de Onofre de Moraes não deve encerrar a nova crise. Agnelo, que já causou revolta na corporação ao exonerar 51 delegados de uma só vez, corre o risco de enfrentar um novo motim da corporação, que ainda sofre forte influência do grupo político do ex-governador Joaquim Roriz. 
Onofre de Moraes havia sido alçado à diretoria da Polícia Civil justamente após as demissões em massa. O policial militar João Dias, pivô do escândalo no Ministério do Esporte, acusa o delegado de ter acobertado um confronto que começou como uma disputa por espaço no governo e quase terminou em tiroteio. O caso foi relatado em um depoimento do soldado à Polícia Militar.

Rússia insiste em condenar violência da oposição síria

 O governo da Rússia reiterou neste domingo que a oposição da Síria deve ser condenada pelo menos na mesma medida que o governo do presidente Bashar al-Assad, um dia após Moscou vetar no Conselho de Segurança da ONU um projeto de resolução que condenaria o regime de Damasco.
O projeto de resolução discutido neste sábado no Conselho de Segurança da ONU, segundo uma nota divulgada neste domingo pelo Ministério das Relações Exteriores russo, 'não contemplava (...) as exigências à oposição síria para que abandonem os elementos extremistas que optaram pela violência'.
Tradicionais aliadas de Damasco, Rússia e China usaram seu poder de veto no Conselho de Segurança da ONU para impedir que o principal órgão de segurança internacional aprovasse o projeto de resolução que buscava condenar o regime de Assad e exigia o fim da violência na Síria. O projeto foi aprovado por todos os demais 13 países-membros do órgão.
'Também foram ignoradas nossas propostas de acrescentar ao texto insistentes apelos aos grupos armados para que parem de atacar as instituições públicas sírias e a população civil, incluindo jornalistas estrangeiros, entre eles ocidentais', ressalta a Chancelaria russa.
Por outro lado, a Rússia lamenta que a resolução incluísse 'um amplo leque de exigências ao governo sírio' em tom de ultimato: 'Não se levou em conta a proposta russa de diminuir o tom das exigências, que incluem a renúncia de Bashar al-Assad que Damasco deveria cumprir em um prazo de três semanas'.
'Nessas condições, Rússia e China se viram obrigadas a votar contra um projeto de resolução desequilibrado. Lamentamos profundamente tal conclusão do trabalho do Conselho de Segurança', destaca a nota de Moscou.
O Ministério das Relações Exteriores da Rússia manifestou que a diplomacia do país insistirá no início de 'um diálogo nacional' na Síria para dar um fim à violência no país árabe no prazo mais rápido possível.
Na próxima terça-feira, o chanceler russo, Sergei Lavrov, e o chefe do Serviço de Inteligência Exterior, Mikhail Fradkov, irão a Damasco para se reunir com o presidente sírio. EFE

Guido Mantega vira alvo da oposição e preocupa governo

O ministro da Fazenda, Guido Mantega


As denúncias de corrupção envolvendo o ex-presidente da Casa da Moeda, Luiz Felipe Denucci, transformam Guido Mantega no alvo da vez da oposição. Mesmo informado sobre as irregularidades em 2010, o ministro da Fazenda só tomou uma atitude quando soube que o caso havia chegado à imprensa. Ou melhor, foi a presidente Dilma Rousseff quem ordenou a demissão às pressas ao saber dos feitos de Denucci. Mantega admitiu nesta sexta-feira que sabia dos problemas. PSDB, DEM e PPS brigarão para que Mantega se explique ao Congresso.
A situação deixa o Planalto em uma situação delicada. De um lado, o governo teme que a exposição de Mantega possa abalar a credibilidade da economia brasileira. Por outro, uma blindagem total, a exemplo do que ocorreu com Antonio Palocci, pode ter um efeito ainda mais perverso: o de acirrar os ânimos no Congresso e irritar a base aliada. 
A oposição está decidida: vai apresentar um pedido de convocação para que Mantega se explique no Congresso. Para os opositores, o ministro da Fazenda deve ser tratado da mesma forma que os titulares de outras áreas. A possibilidade de a crise política ter reflexos econômicos não é suficiente para poupá-lo. "Isso não pode ser fator impeditivo de uma convocação. Pelo contrário. Essas coisas exigem cada vez mais transparência", diz Ronaldo Caiado (GO), vice-líder do DEM na Câmara.

Em conflito com o PT por mais espaço no governo, o PMDB acompanha de perto a variação de temperatura do caso. Por enquanto, os peemedebistas não usarão de seu poder de fogo. A ferida pela demissão, no ano passado, de dois ministros filiados ao partido, Wagner Rossi, da Agricultura, e Pedro Novais, do Turismo, ainda está aberta. "A gente espera uma explicação", diz o deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR). "Mas eu preferiria não desestabilizar Mantega neste momento."

Já o líder do PT na Câmara, Paulo Teixeira (SP), em defesa do governo, prega que o momento econômico pesa, sim, na avaliação sobre a ida ao Congresso: "Mantega tem agido com a maior correção. Também pelo momento que nós estamos vivendo no Brasil, acho que não é o caso de convocá-lo."

E o calendário deve ajudar Mantega. As comissões da Câmara só começam a funcionar após o carnaval. Ou seja: daqui a quase um mês. "Ele tinha a obrigação de mandar investigar e não o fez. Se as explicações não forem dadas, vamos manter o pedido de convocação", explica Bruno Araújo (PE), líder tucano na Câmara. O PTB, que indicou Denucci, mas depois retirou o apoio ao presidente da Casa da Moeda, também pretende cobrar esclarecimentos do ministro.

Tentando se defender, o ministro Mantega disse que não tomou providências ao ser avisado das irregularidades porque não recebeu informações concretas sobre o caso. Por enquanto, o mercado parece indicar que só haverá algum sobressalto se Mantega passar a correr risco de perder o cargo. Nesse caso, haverá especulações sobre os possíveis substitutos do ministro e Dilma será forçada a tomar uma decisão rápida e certeira, sob risco de minar a credibilidade da economia brasileira.

Irregularidades – Exonerado no início da semana, Denucci é investigado pela Polícia Federal e pelo Ministério Público por suspeita de lavagem de dinheiro. O ex-presidente foi indiciado numa ação de evasão de divisas. A Polícia Federal investigava o recebimento de 1,8 milhão de reais vindos do exterior em junho de 2000 e que foram parar em sua conta corrente. 

Uma reportagem do jornal Folha de S.Paulo acusa Denucci de receber propina de fornecedores da Casa da Moeda, por meio de duas offshores nas Ilhas Virgens Britânicas, local conhecido como paraíso fiscal.