quinta-feira, 24 de maio de 2012

Arapongas se calam diante da CPI do Cachoeira

Vista geral da CPI do Cachoeira

Confirmando a estratégia jurídica de permanecer em silêncio para evitar a autoincriminação, os arapongas Idalberto Matias de Araújo, conhecido como Dadá, e Jairo Martins de Sousa optaram por não responder as perguntas dos parlamentares naquele que seria o depoimento deles à CPI do Cachoeira, no Congresso Nacional. "Foi a primeira vez que vi um silêncio absoluto dado pela voz de comando da quadrilha”, ironizou a senadora Kátia Abreu (PSD-TO). "Carlinho Cachoeira é um chefe de quadrilha eficiente".
No início da sessão da comissão de inquérito, após acordo costurado pelo presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), deputados e senadores aprovaram requerimento do senador Pedro Taques (PDT-MT) para que fossem finalizados antecipadamente os depoimentos daqueles que não quisessem falar à comissão. “Na reunião passada da CPI, Carlinhos Cachoeira exerceu o direito constitucional ao silêncio. O processo legal da CPI foi cumprido. Não podemos transformar essa CPI em um circo”, opinou Taques ao defender a dispensa dos depoentes.
Antes daquele que poderia ser o depoimento de Dadá, o advogado Leonardo Gagno, que integra a defesa do araponga, disse que são ilegais as interceptações telefônicas em que aparecem o ex-sargento da Aeronáutica. Dadá é especialista em gravações e, na organização de Carlinhos Cachoeira, seria uma espécie de coordenador da área de inteligência, recebendo pelas informações que Cachoeira queria saber.
“As interceptações telefônicas são ilegais, sem fundamento e também o inquérito da operação Monte Carlo, da Polícia Federal, teve origem a partir de uma denúncia anônima”, opinou Gagno. “A principal estratégia da defesa é para anular as provas. Se anularmos as escutas, todas as provas derivadas dele também ficam contaminadas, como uma fruta em uma árvore envenenada”, explicou o advogado, que negou que Dadá tivesse acesso privilegiado à Agência Brasileira de Inteligência (ABIN).
“Dadá só abastecia Cachoeira com informações e recebia por isso. É uma atividade lícita”, resumiu a defesa. “Ele não tem condição nenhuma de fazer grampos telefônicos. Nunca foram da arapongagem. Isso foi uma alcunha que criaram para eles”. Gagno também é advogado de Jairo Martins e disse que o araponga, que também se recusou a responder às perguntas da CPI, era contratado para apurar, a pedido de Cachoeira, reportagens e informações.

Governo fará veto parcial a Código Florestal, diz Temer

Dilma Rousseff e Michel Temer durante a cerimônia do ministro do Desenvolvimento Agrário Pepe Vargas, em Brasília

O vice-presidente da República, Michel Temer, afirmou nesta quinta-feira que o governo vetará alguns artigos do Código Florestal. O texto está sob análise da presidente Dilma Rousseff, que deve dar seu parecer sobre a matéria até esta sexta. O prazo para a publicação dos vetos no Diário Oficial expira na próxima segunda – quinze dias úteis após o recebimento da lei aprovada pelo Congresso.

Temer falou rapidamente sobre o assunto após uma reunião com empresários no Palácio do Planalto, da qual participou também o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Questionado sobre o Código Florestal, o vice-presidente respondeu: “Vetos parciais”. Temer não informou, no entanto, o número de artigos que serão tirados do texto. Em caso de veto da presidente a alguns tópicos, a discussão sobre esses pontos retorna à Câmara.
O relatório do Código Florestal foi aprovado por 274 votos a favor, 184 contra e duas abstenções em 25 de abril na Câmara, depois de tramitar também no Senado. O texto contrariou a vontade do Planalto, que preferia o documento aprovado pelo Senado. O projeto define a parte da vegetação que deve ser recomposta para que sejam regularizados agricultores que desmataram e detalha o tipo de atividade permitida nas áreas em que a vegetação foi retirada.
O texto aprovado pelo Congresso dá mais liberdade aos estados para definirem as normas ambientais e impõe a necessidade de agricultores manterem uma faixa de vegetação de quinze metros nas margens de rios com menos de dez metros de largura. Com pontos tão diversos, a nova versão do Código conseguiu deixar insatisfeitos ruralistas e ambientalistas. Desde que o documento chegou às mãos da presidente, tem motivado manifestações na internet e nas ruas pelo veto total.
Durante essa semana, Dilma tem se reunido com ministros das áreas relacionadas com o Código Florestal em busca de embasamento para seu parecer. Ela encontrou-se na terça e na quarta-feira com a titular do Meio Ambiente, Izabella Teixeira. Nesta quinta, recebeu às 14h30 o ministro do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas.

Irã e potências mundiais devem retomar diálogo em junho

A chanceler europeia Catherine Ashton descreveu os dois dias de conversa como ‘intensos’

O Irã e o Grupo 5 +1 concordaram em fazer uma segunda rodada de conversas sobre o controverso programa nuclear iraniano em Moscou, em 18 e 19 junho, anunciaram nesta quinta-feira autoridades europeias. A decisão foi tomada após o segundo dia de negociações entre as delegações diplomáticas em Bagdá, no Iraque.
Segundo a autoridade máxima da União Europeia para Relações Exteriores, Catherine Ashton, as ‘diferenças significativas’ entre as posições da comunidade internacional e a do Irã continuam, mas alguma base para negociações foi encontrada. A União Europeia também participou das reuniões através de Catherine.
Seis potências mundiais ofereceram ao Irã uma proposta para que este país pare de processar urânio enriquecido, que pode ser usado para bombas atômicas. Contudo, Teerã continua a insistir que o seu enriquecimento de urânio é um direito não negociável.
Em entrevista coletiva após a reunião, Catherine descreveu os dois dias de conversa como ‘intensos’. Os negociadores do Grupo 5 + 1 (os cinco membros do Conselho de Segurança da ONU - Estados Unidos, Rússia, China, França e Grã-Bretanha - e a Alemanha) ofereceram um ‘pacote’ combinando velhas e novas propostas, e pediram em troca o fim do enriquecimento de urânio a 20%. Porém, o governo iraniano disse que o pacote não era ‘balanceado’ e fez uma contraproposta ainda desconhecida.

UE quer Grécia no euro, mas respeitando compromissos

Debate sobre eurobônus colocou Hollande e Merkel em posições contrárias
Os líderes da União Europeia afirmaram nesta quarta-feira, durante a cúpula do bloco, na Bélgica, que desejam que a Grécia continue na zona do euro, mas advertiram que Atenas deve manter os planos de austeridade e completar as reformas exigidas pelo programa de resgate internacional, um compromisso que custará caro para os gregos.

"Queremos que a Grécia fique na zona do euro, mas insistimos que Atenas se apegue aos compromissos acordados", disse a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, a jornalistas, depois de uma reunião informal de líderes da União Europeia em Bruxelas.

Ao fim da cúpula da UE, o presidente do bloco, Herman Van Rompuy, fez coro às declarações de Merkel. "Queremos a Grécia na zona do euro, mas (o país) deve respeitar seus compromissos", disse ele.

As declarações ocorrem após os países da zona do euro decidirem em Bruxelas preparar "um plano de contingência" para o caso da saída da Grécia do grupo. "Devemos prevenir, isto é normal, e preparar um plano de contingência, mas isto não significa dizer que a Grécia sairá do euro", revelou à agência France-Presse um funcionário ligado às negociações. Um documento visto pela agência Reuters detalhou os custos potenciais para estados membros individuais com uma eventual saída grega e indicou que se isso acontecer, um "divórcio amigável" deve ser buscado com a UE e o Fundo Monetário Internacional (FMI).

O cenário da saída grega não é improvável tendo em vista o crescimento nas pesquisas para o pleito de 17 de junho de líderes de esquerda, que são contrários ao rigor das medidas de austeridade fiscal impostas por outras economias da eurozona, sobretudo a Alemanha. 

Eurobônus - 
Em sua primeira cúpula da UE, o presidente da França, François Hollande, propôs a emissão de eurobônus como uma próxima medida de integração econômica no bloco, apesar da consistente oposição alemã à ideia. "Eu não estava sozinho na defesa dos eurobônus", disse. A chanceler alemã, Angela Merkel, não mostrou sinais de que retirará suas objeções à proposta que, segundo ela, poderá apenas ser discutida quando houver mais união fiscal na Europa. Holanda, Finlândia e outros membros menores da zona do euro apoiam a chanceler.

Segundo o presidente da UE, Herman Van Rompuy, o assunto dos bônus do euro foi discutido na reunião, mas ninguém pediu sua imediata adoção. Hollande requisitou que o tema seja retomado na próxima cúpula do bloco, em junho.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Irã e AIEA retomam negociações sobre energia nuclear

Ali Asghar Soltanieh na chegada para o encontro com a AIEA

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e o Irã, suspeito de querer adquirir armas nucleares, retomaram as negociações nesta segunda-feira em Viena, três meses após o fracasso das duas visitas da agência para esclarecer a natureza do programa nuclear iraniano.
"Estamos aqui para manter nosso diálogo com um espírito positivo", declarou o chefe dos inspetores da AIEA, Herman Nackaerts, durante sua chegada à representação permanente do Irã nas Nações Unidas, local onde serão realizadas as conversas com o enviado iraniano, Ali Asghar Soltanieh, até terça-feira. "O objetivo desses dois dias é chegar a um acordo sobre como resolver todas as questões pendentes com o Irã. O esclarecimento de uma possível dimensão militar continua a ser nossa prioridade", acrescentou.
A última vez que os dois se reuniram foi no início de fevereiro, durante a segunda visita a Teerã, caracterizada como "fracasso" por Washington. Na ocasião, a AIEA observou "sérias discordâncias" com a República Islâmica. A AIEA suspeita que o Irã tenha realizado na instalação militar de Parchin, a leste de Teerã, explosões de testes convencionais que poderiam ser aplicadas no âmbito nuclear - fato negado pelo país. A equipe de inspetores da agência afirmou que em janeiro e fevereiro o acesso a esta base foi negado, o que levou à suspensão das negociações.
Armas - Um relatório altamente crítico da agência apresentou uma série de novos elementos que indicam que o Irã havia trabalhado no desenvolvimento de armas atômicas até 2003 e, talvez, ainda continue, algo que Teerã desmentiu formalmente. Depois de mais uma tentativa de negociação em abril, considerada positiva, o Grupo 5+1 (Estados Unidos, China, Rússia, França, Grã-Bretanha e Alemanha) e o Irã devem aprofundar o assunto no dia 23 de maio, em Bagdá.
Teerã sugeriu que estaria pronto, sob condições, para desistir do enriquecimento de urânio em até 20%, centro do conflito com as grandes potências. Enriquecido até 90%, o urânio entra na composição da bomba atômica. O Irã é alvo de seis resoluções das Nações Unidas por seu programa nuclear, quatro delas acompanhadas de sanções.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Rússia e China assinam acordos de US$ 15 bilhões

Presidente russo, Dmitry Medvedev, e vice-premiê chinês, Li Keqiang, encontram-se em residência presidencial da Rússia, na cidade de Gorki

A Rússia e a China assinaram contratos no valor de 15 bilhões de dólares neste sábado e vão trabalhar para fortalecer os laços bilaterais, afirmou o vice-primeiro-ministro chinês, Li Kequiang, em fórum de negócios realizado em Moscou.
Um total de 27 contratos foram assinados. Ambos os países disseram que vão expandir a cooperação no setor financeiro, em investimentos diretos e na fabricação de máquinas e eletrônicos.
A Rússia tornou-se a principal parceira comercial da China em 2010 e os governos pretendem pelo menos dobrar o comércio, para 100 bilhões de dólares até 2015. Atualmente a China responde por 10% do comércio exterior da Rússia, segundo o vice-primeiro-ministro russo, Igor Shuvalov.
Entre os projetos planejados das duas nações estão um fundo de investimento conjunto com tamanho estimado em 4 bilhões de dólares e o desenvolvimento de um grande avião de passageiros, de acordo com autoridades chinesas e russas.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Começa hoje em Brasília a CPI do Cachoeira

Carlinhos Cachoeira

Começa nesta quarta-feira em Brasília a CPI do Cachoeira. A primeira reunião de trabalho da comissão está marcada para ter início às 14 horas. Por trás da apuração dos tentáculos do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, e de seu envolvimento com políticos proeminentes e agentes públicos está o embate entre governo e oposição – ambos com integrantes, de alguma maneira, sob suspeita de envolvimento com o bicheiro.
A quadrilha de Cachoeira foi desbaratada pela Operação Monte Carlo, da Polícia Federal (PF). Enquanto o governo quer ouvir o senador goiano Demóstenes Torres (sem partido), a oposição espera convocar os governadores do Rio de Janeiro e Distrito Federal, Sérgio Cabral (PMDB) e Agnelo Queiroz (PT). 
O PT articula para envolver o maior número de nomes oposicionistas possível. Para isso, defende a convocação do governador de Goiás, o tucano Marconi Perilo, sob o argumento de que as gravações feitas pela PF revelaram as ligações dele com Cachoeira.
Braço da máfia - A construtora Delta, empreiteira com maior número de obras no PAC, também estará no centro das investigações. Na semana passada, Fernando Cavendish se afastou do comando da empresa. O ex-diretor da Delta para o Centro-Oeste, Cláudio Abreu, foi preso em Goiânia na semana passada. Segundo a polícia, ele era incumbido de tocar o braço da máfia de Cachoeira que se especializara em fazer contratos com governo. Abreu aparece em diálogos-chave do caso. Consta de uma conversa sua com Cachoeira a referência a um depósito de 1 milhão de reais para Demóstenes Torres (ex-DEM-GO). Foi com base nesse grampo que a Procuradoria-Geral da República (PGR)  pediu a quebra do sigilo bancário do senador.
É também Cláudio Abreu quem telefona a Cachoeira para dizer que iria "amarrar os bigodes" com os dois mais poderosos secretários do governador petista Agnelo Queiroz, Paulo Tadeu e Rafael Barbosa, em encontro em Brasília. "Marca uma p... com eles amanhã aqui em Goiânia. Aí eu chamo as meninas", devolve Cachoeira. Em outra gravação, Abreu discute com o araponga Dadá o pagamento de propina em troca da nomeação de um aliado da quadrilha no governo do DF. "Vamos dar R$ 20 mil pra ele e R$ 5 mil por mês, pronto! Nós vamos dar R$ 20 mil pra ele agora e R$ 5 mil por mês, entendeu?", diz Abreu.
Cláudio Abreu foi afastado da Delta em março, logo após a polícia deflagrar a Operação Monte Carlo
Inquérito – Nesta quarta-feira, o presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), vai receber a cópia do inquérito aberto no Supremo Tribunal Federal (STF) para investigar as relações de Cachoeira. Composto por 40 volumes, o inquérito será entregue em cópias em papel e CDs.
A liberação da documentação para a CPI foi concedida na última sexta-feira pelo ministro Ricardo Lewandowski, relator do inquérito que tramita na Supremo para investigar as relações de Demóstenes Torres com o bicheiro Carlinhos Cachoeira.
Conselho de Ética – Além da CPI, o Conselho de Ética do Senado investiga se houve quebra de decoro parlamentar por parte de Demóstenes Torres na relação com o contraventor. Já a Comissão de Sindicância da Câmara dos Deputados irá ouvir dois deputados, Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO) e Sandes Júnior (PP-GO), para apurar possíveis irregularidades nas relações deles com Cachoeira.
A presidente Dilma Rousseff tem ressaltado que a CPI é um assunto do Legislativo. Dificilmente, no entanto, o tema ficará de fora da reunião do Conselho Político do governo, a segunda deste ano, que ocorre nesta quarta, no Palácio do Planalto.


ONU amplia lista de sanções contra Coreia do Norte

Kim Jong-Un, líder supremo da Coreia do Norte, em uma cerimônia em Pyongyang

A Organização das Nações Unidas (ONU) ampliará a lista de empresas e entidades norte-coreanas que são alvo de sanções internacionais, afirmaram nesta quarta-feira fontes diplomáticas. Um banco e duas companhias comerciais serão acrescentadas à lista, após um acordo com a China, principal aliada da Coreia do Norte.
As sanções foram impostas após o lançamento frustrado de um foguete no dia 13 de abril, que, segundo a Coreia do Norte, era para colocar em órbita um satélite. Contudo, para os Estados Unidos e seus aliados, era um teste de míssil de longo alcance.
A ONU já havia imposto novas sanções contra o país logo após o lançamento do foguete,que foram recebidas com críticas pelo governo norte-coreano. "Rejeitamos taxativamente o proceder injusto do Conselho de Segurança da ONU, que tenta pisotear o legítimo direito da República Popular Democrática da Coreia a lançar satélites", anunciou Pyongyang em comunicado.
Segundo as Nações Unidas, com o lançamento, a Coreia do Norte provoca "graves preocupações de segurança" na Ásia. Apesar das pressões, Pyongyang insiste que o regime vai manter o seu programa espacial e defende que este é um direito que está "acima da resolução do Conselho de Segurança".